Mercado de CPUs cresce com fim do Windows 10 e tensões comerciais

O mercado global de CPUs registrou crescimento de 2% no terceiro trimestre de 2025, impulsionado pela descontinuação do Windows 10 e pelas incertezas envolvendo tarifas de importação nos Estados Unidos. O relatório da John Peddie Research (JPR) indica que a combinação entre atualizações forçadas de PCs e cenário geopolítico instável movimentou o setor de hardware com intensidade inédita.

Atualizações forçadas aquecem o mercado doméstico e corporativo

Com o encerramento do suporte ao Windows 10, milhões de usuários ao redor do mundo foram obrigados a atualizar suas máquinas para o Windows 11. Segundo a JPR, as vendas subiram 2,2% entre consumidores domésticos e 2,7% em empresas — uma alta acentuada para o período. Além das trocas de dispositivos, o aumento da demanda por processadores compatíveis com os novos requisitos do sistema operacional gerou uma verdadeira corrida tecnológica no varejo e entre grandes corporações.

Historicamente, o terceiro trimestre é considerado uma temporada forte para o setor de tecnologia devido às compras de fim de ano. No entanto, em 2025, o efeito Windows 10 começou a ser sentido já no segundo trimestre, quebrando o padrão de ciclos de renovação. Essa antecipação de demanda acabou fortalecendo o mercado antes mesmo das promoções tradicionais, como a Black Friday e o Natal.

Tarifas e tensões comerciais afetam o setor

Outro fator relevante para o aquecimento do mercado de CPUs foi a instabilidade nas tarifas de importação dos Estados Unidos. As sucessivas alterações nas taxas de importação de semicondutores e a falta de previsibilidade da política comercial americana levaram fabricantes e distribuidores a anteciparem compras em larga escala, temendo aumentos repentinos de custo. De acordo com os analistas, em um cenário econômico estabilizado, o impacto do fim do Windows 10 seria ainda maior.

Ritmo sustentável ou bolha passageira?

Apesar do entusiasmo inicial, a John Peddie Research alerta que o mercado pode enfrentar uma desaceleração nos próximos meses. Historicamente, todo ciclo de grande renovação de hardware é seguido por uma fase de retração natural na demanda. O quarto trimestre — tradicionalmente impulsionado pelas compras festivas — pode registrar um crescimento mais moderado, sinalizando o início de uma normalização. Ainda assim, o desempenho de 2025 representa um marco importante após dois anos de instabilidade no setor de semicondutores.

Novo desafio: risco de escassez de chips de memória

O olhar da indústria agora se volta para 2026, quando especialistas já preveem possíveis problemas de abastecimento de memórias NAND e QLC. Esses componentes são cruciais tanto para servidores de data centers quanto para dispositivos de consumo. Um novo déficit de oferta poderia desacelerar o ritmo de atualização de PCs e atrapalhar as projeções de crescimento feitas para o próximo ano.

AMD e Intel mantêm equilíbrio no mercado de CPUs

Mesmo com o crescimento do setor, a participação de mercado se manteve estável. Aproximadamente 70% das vendas de CPUs foram destinadas a laptops e dispositivos móveis, enquanto o segmento de desktops respondeu por 30%. No campo corporativo, a Intel detém 70% do mercado, e a AMD segue com 30% — proporção praticamente idêntica ao cenário dos últimos dois anos. Essa estabilidade indica que o crescimento atual beneficia todo o ecossistema, sem uma distorção competitiva relevante.

Considerações finais

O crescimento do mercado de CPUs no terceiro trimestre de 2025 mostra como a transição forçada de sistemas operacionais pode influenciar diretamente o comportamento dos consumidores e empresas. O fim do suporte ao Windows 10 impulsionou a atualização em massa de dispositivos, ao mesmo tempo em que revelou vulnerabilidades do setor diante de fatores geopolíticos e logísticos. Embora os próximos trimestres devam trazer ritmo mais estável, a indústria de semicondutores segue em expansão e deve continuar sendo o alicerce da transformação digital global.