Preços altos na Uber e 99 geram polêmica no fim do ano
As corridas da Uber e 99 ficaram consideravelmente mais caras no final de 2025, gerando uma onda de insatisfação entre usuários em todo o país. Enquanto os passageiros reclamam de tarifas acima do normal, motoristas de aplicativo afirmam que seus ganhos não aumentaram na mesma proporção. A diferença, segundo alguns, pode estar parando nas mãos das empresas.
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Aumento nas tarifas e revolta de usuários
A movimentação intensa nas cidades durante o período de festas é um fenômeno conhecido, mas em 2025, a percepção dos consumidores é de que o valor das corridas disparou mesmo fora dos horários de pico. Desde novembro, denúncias de preços abusivos circulam nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter) e Threads, com relatos de que o custo de trajetos comuns dobrou ou até triplicou.

Consumidores compartilham inclusive capturas de tela com valores muito mais altos do que os praticados em meses anteriores. A sensação geral é de que o algoritmo da tarifa dinâmica está sendo aplicado com maior frequência e intensidade, sem transparência suficiente por parte das plataformas.
Motoristas também reclamam: “não ganhamos mais”
Enquanto os aplicativos justificam o aumento dos preços como necessário para equilibrar oferta e demanda, os motoristas da Uber e 99 relatam que seus rendimentos não acompanharam o salto nas tarifas. “O cliente paga mais caro, mas o valor líquido que cai pra gente é praticamente o mesmo”, afirmou um motorista ouvido pela redação.
Nesse cenário, quem sai ganhando são as próprias empresas de tecnologia, que cobram percentuais sobre cada corrida. Sem a devida transparência, usuários e motoristas ficam sem saber quem realmente lucra durante os períodos de alta demanda.
Uber cita o preço dinâmico
Procurada pela redação, a Uber explicou que o sistema de preço dinâmico é acionado quando há desequilíbrio entre a demanda de usuários e a disponibilidade de motoristas. A medida, segundo a empresa, busca incentivar novos motoristas a atenderem determinada região em horários de pico.
Contudo, especialistas apontam que o modelo, embora eficiente para evitar longas esperas, acaba gerando insatisfação por falta de previsibilidade. “O usuário nunca sabe quanto vai pagar, e o motorista não entende por que o repasse não aumenta na mesma proporção”, comenta um analista de mobilidade da consultoria Transporte+.
99 permanece em silêncio
A equipe de imprensa da 99 foi contatada, mas até o fechamento deste artigo não havia respondido aos questionamentos sobre o aumento nas tarifas. A empresa, que pertence ao grupo chinês Didi Chuxing, enfrenta situação semelhante no mercado, com críticas constantes sobre a política de tarifas personalizadas.
Falta de transparência preocupa usuários
Ao contrário do setor de táxis, que tem tarifas regulamentadas por prefeitura e revisões prévias, as plataformas privadas não divulgam o cálculo detalhado de suas tarifas. O preço final de cada corrida é determinado por algoritmos de machine learning que levam em conta variáveis como horário, localização, previsão de demanda e padrão de comportamento do usuário.
“A ausência de transparência cria um cenário opaco, onde nem consumidores nem motoristas têm controle sobre as variáveis”, explica o pesquisador de algoritmos de mercado móvel, André Campos, da PUC-Rio. Segundo ele, há anos o debate sobre a “caixa-preta” das plataformas mobiliza reguladores em diversos países.
Contexto de fim de ano e impacto no consumo
As festas de fim de ano também explicam parte da escalada de valores. Esse é o período em que mais pessoas se deslocam para compras, confraternizações e viagens. Além disso, há muitos condutores temporariamente ausentes, o que intensifica a escassez de motoristas ativos. Ainda assim, o ritmo da alta tem surpreendido até consumidores acostumados com o modelo sazonal de tarifas.
Alternativas e o futuro dos transportes por app
Diante das críticas, muitos usuários migraram temporariamente para o transporte público ou optaram por dividir corridas com amigos. Outros já cogitam o retorno dos táxis tradicionais, valorizando a previsibilidade na cobrança e a regulamentação municipal.
A longo prazo, especialistas defendem que a regulamentação dos aplicativos seja atualizada, de modo a garantir mais transparência e um modelo justo de remuneração para os motoristas. Alguns países, como França e Canadá, já avançam em legislações sobre a equidade algorítmica nas plataformas de transporte.
Por que as corridas da Uber e 99 ficaram mais caras no fim do ano?
O aumento se deve principalmente ao preço dinâmico, ativado quando há alta demanda e poucos motoristas. Outros fatores incluem congestionamentos e períodos de festas, que ampliam o número de solicitações.
Os motoristas ganham mais com o aumento das tarifas?
Segundo relatos, não. Embora o cliente pague mais, o repasse líquido ao motorista não cresce na mesma proporção, indicando que parte do valor fica com a plataforma.
A Uber e a 99 explicaram o aumento dos preços?
A Uber afirmou usar o preço dinâmico para equilibrar oferta e demanda. Já a 99 não respondeu até o fechamento desta matéria.
Há alguma forma de evitar o preço dinâmico?
Sim. O ideal é solicitar corridas fora dos horários de pico e verificar diferentes apps antes de aceitar o trajeto.
Considerações finais
O fim de 2025 sinaliza a necessidade de um debate mais profundo sobre transparência nas plataformas de mobilidade. Se o preço dinâmico é uma ferramenta eficiente sob o ponto de vista econômico, do lado social ele evidencia desigualdades e falta de clareza nos critérios de cobrança. Enquanto isso, consumidores ajustam seus hábitos de deslocamento, e motoristas continuam buscando condições mais justas de trabalho.

