Crise do hardware: lojas vendem PCs sem memória RAM

Uma nova prática vem chamando atenção no mercado de PCs gamer: lojas estão começando a vender computadores montados sem memória RAM. O fenômeno dos PCs sem memória RAM, que teve início em 2025 nos Estados Unidos, reflete a crise global de escassez de componentes de hardware, especialmente dos módulos DDR5. A medida extrema se tornou uma saída para integradoras que não desejam acumular estoques de máquinas incompletas devido ao alto custo das memórias.

O que está acontecendo com o mercado de memória RAM

Segundo estimativas recentes, os preços da memória RAM aumentaram mais de 250% na Europa durante o último trimestre. Com a pressão das grandes fabricantes focadas no fornecimento para data centers de inteligência artificial, o consumidor comum acabou ficando em segundo plano. Essa escassez é resultado da explosão de investimentos em IA, que consome grandes volumes de chips DRAM para servidores de alto desempenho.

Nos Estados Unidos, a loja de hardware Paradox Customs foi uma das primeiras a implementar a alternativa de venda de computadores sem RAM. Em seu site, a opção “No RAM” aparece como uma configuração padrão em diversas máquinas. O objetivo é simples: reduzir o valor final para o cliente que já possui módulos de memória ou pretende comprá-los separadamente quando os preços recuarem.

Economia forçada e o desafio do consumidor

Com um kit de 32 GB de DDR5 custando acima de US$ 400 — o que equivale a mais de R$ 2.300 no câmbio atual — retirar o componente pode representar um desconto de até US$ 550 em builds topo de linha. Embora essa alternativa alivie o bolso inicialmente, ela transfere toda a responsabilidade da instalação e compatibilidade da memória para o comprador.

Historicamente, quem opta por um PC pré-montado busca praticidade e garantia de funcionamento imediato. Agora, esse paradigma se quebra: o consumidor precisa atentar-se para a compatibilidade entre RAM, placa-mãe e processador, além da correta configuração de perfis XMP ou EXPO. Uma tarefa simples para entusiastas, mas complexa para o público geral.

A ameaça chega ao Brasil?

Até o momento, nenhuma loja brasileira anunciou publicamente uma estratégia semelhante. No entanto, especialistas alertam que a tendência pode alcançar o mercado nacional caso os estoques de memória com preços antigos se esgotem. O Brasil, historicamente sensível a variações de importação, pode sofrer ainda mais com fretes caros e a alta do dólar.

Com a pressão sobre o segmento gamer, muitos recomendam que usuários preservem seus módulos de DDR4 e DDR5, especialmente se pensam em montar um novo computador em breve. Vender um PC antigo sem memórias pode ser financeiramente mais inteligente neste cenário de restrição de oferta e preços inflacionados.

Impactos e perspectivas para 2026

Segundo análises recentes, a crise deve persistir até pelo menos 2026. Fabricantes como a SK Hynix já apontam que a situação poderá se estender até 2028, uma vez que grande parte da produção foi redirecionada ao mercado corporativo de IA.

Enquanto isso, companhias como Micron e NVIDIA adaptam seus modelos de negócio para lucrar com a demanda de data centers. No lado do consumidor, o reflexo é direto: montar um computador se tornará mais caro e difícil no próximo ano.

Considerações finais sobre PCs sem memória RAM

A venda de PCs sem memória RAM marca um novo capítulo na indústria de hardware: consumidores assumem responsabilidades antes delegadas às integradoras, e o setor tenta equilibrar custos em meio à crise. Para o público brasileiro, o recado é claro — a escassez global de hardware ainda não atingiu o pior. Mas a tendência internacional mostra que é hora de cautela e planejamento ao investir em novos equipamentos.