IA já consome mais energia que mineração de Bitcoin em 2024
Um novo estudo da Universidade VU de Amsterdã revelou um dado alarmante: o consumo de energia da inteligência artificial (IA) em 2024 já ultrapassou toda a energia gasta pela mineração global de Bitcoin neste mesmo período. O levantamento, conduzido pelo pesquisador Alex de Vries-Gao, especialista nos impactos ambientais das tecnologias digitais, expõe a crescente demanda energética dos sistemas de IA e alerta para um possível colapso ambiental se as tendências atuais persistirem.
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IA já consome mais energia?. Estudo revela números preocupantes sobre energia e recursos
Segundo o estudo, os sistemas de IA podem demandar até 23 gigawatts de energia elétrica, o que equivale ao consumo total de energia de países como a Áustria. Além disso, as operações de treinamento e manutenção de modelos consomem entre 312,5 e 764,6 bilhões de litros de água por ano — quantidade comparável a todo o volume de água engarrafada consumido mundialmente. Esse recurso é amplamente utilizado para refrigerar data centers e processadores, especialmente aqueles utilizados pelas grandes plataformas de IA generativa.
De acordo com De Vries-Gao, os números são conservadores, já que as gigantes da tecnologia, como Google, Microsoft e OpenAI, não divulgam dados específicos sobre consumo de energia e água em seus relatórios de sustentabilidade. “É impossível estimar com precisão absoluta, mas o valor, de qualquer forma, é muito alto”, afirmou o pesquisador em entrevista ao portal The Verge.
Emissões de carbono superam as de países inteiros
Além do consumo energético, o estudo estima que as emissões de dióxido de carbono (CO₂) geradas pela infraestrutura global de IA chegam a até 79,7 milhões de toneladas por ano, com média de 56 milhões. Esse volume supera as emissões anuais totais de países de médio porte, como Singapura, que em 2022 registrou cerca de 53 milhões de toneladas.
“As empresas precisam ser transparentes sobre o impacto ambiental de seus modelos. A inteligência artificial pode ser revolucionária, mas também exige responsabilidade ecológica.”
Alex de Vries-Gao, pesquisador da Universidade VU de Amsterdã
Debate político e regulatório ganha força nos EUA
Os resultados impulsionaram um novo debate político nos Estados Unidos. A senadora Elizabeth Warren e outros parlamentares democratas enviaram uma solicitação formal a sete grandes empresas de tecnologia exigindo transparência sobre o consumo energético e o impacto ambiental de suas operações de IA. O foco é principalmente em plataformas que hospedam modelos linguísticos de larga escala e serviços baseados em GPU clusters, notórios por demandar energia intensa.
O senador Bernie Sanders foi além e propôs uma moratória temporária na construção de novos data centers de IA, argumentando que o avanço da tecnologia deve beneficiar “toda a população, e não apenas o 1% mais rico”.
Em oposição, o presidente Donald Trump manteve sua postura pró-desenvolvimento tecnológico e reforçou o projeto Genesis Mission, um programa de investimentos federais em infraestrutura de IA, comparando-o em escala e importância ao Projeto Manhattan — responsável pela criação da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial.
O dilema da sustentabilidade tecnológica
A crescente dependência da IA em setores como saúde, finanças, transporte e entretenimento torna difícil conter o ritmo de expansão da infraestrutura. Estima-se que apenas o treinamento de um modelo de linguagem de grande porte consuma mais energia do que 100 residências médias em um ano. A pressão por soluções mais sustentáveis tem levado empresas a buscar energias renováveis e novas técnicas de refrigeração líquida, mas essas práticas ainda representam uma fração pequena do total.
“Há uma corrida tecnológica alimentada por capital e ideologia. Enquanto a otimização energética não se tornar prioridade regulatória, veremos um impacto crescente sobre o clima e os recursos hídricos globais”, comentou Sarah Mitchel, analista de sustentabilidade do MIT.
Possíveis soluções e caminho para 2026
Especialistas sugerem medidas como a regionalização de data centers, priorizando locais com fontes de energia limpa e abundante, e o uso de processadores otimizados para eficiência em IA. O uso de cooling systems de circuito fechado, que reciclam a água do resfriamento, também é apontado como estratégia essencial para reduzir o desperdício hídrico.
Além disso, cresce o movimento por IA sustentável, conceito que busca equilibrar desempenho computacional, responsabilidade ambiental e impacto social. O objetivo é garantir que a inovação em aprendizado de máquina não se transforme em uma ameaça climática.
Perguntas Frequentes sobre o impacto energético da IA
Por que a inteligência artificial consome tanta energia?
Modelos avançados de aprendizado de máquina demandam milhares de GPUs e longos períodos de treinamento. Esse processo resulta em alto consumo elétrico e requer sistemas de refrigeração intensivos, aumentandos os custos energéticos de data centers.
A mineração de Bitcoin é mais eficiente energeticamente que a IA?
Atualmente, estudos mostram que o consumo da IA já superou a mineração de Bitcoin, tanto em energia quanto em emissões de carbono. Isso se deve ao rápido crescimento de aplicações como chatbots, processamento de imagens e automação industrial.
Há soluções sustentáveis para reduzir o impacto da IA?
Sim. Entre as principais iniciativas estão o uso de energia solar e eólica em data centers, chips otimizados e técnicas de resfriamento que reutilizam água. A transparência nos relatórios ambientais também é essencial para mitigar impactos.
Considerações finais do impacto energético da IA
O consumo energético crescente da inteligência artificial marca um divisor de águas na história tecnológica recente. Embora o potencial de inovação seja extraordinário, o desafio ambiental se torna cada vez mais urgente. Conciliaremos eficiência, ética e sustentabilidade ou veremos a revolução da IA cobrada em custos ecológicos sem precedentes. A resposta deve envolver cientistas, empresas e governos – e o tempo para agir é agora.

