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Robôs humanoides: 1 por 10 pessoas até 2050, diz estudo

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Um relatório do Morgan Stanley estima que o planeta terá mais de 13 milhões de robôs humanoides em operação até 2035 e que esse contingente pode chegar a 1 bilhão em 2050. Pelas projeções populacionais da ONU, isso representa praticamente um robô para cada dez pessoas. O estudo ainda aponta que o custo anual de manutenção deve ficar em torno de US$ 10 mil, valor semelhante ao gasto médio para manter um carro nos Estados Unidos. Se confirmados os números, fábricas, escritórios e até residências viverão a maior transformação tecnológica desde a popularização da internet.

Por que esses números disparam a partir de 2035?

Além do avanço da inteligência artificial (IA), três fatores aceleram a adoção de robôs humanoides: a queda no preço de sensores e atuadores, o amadurecimento de baterias de alta densidade energética e o surgimento de plataformas de software que permitem treinar máquinas em ambientes virtuais antes de enviá-las ao mundo físico. A combinação disso torna cada novo modelo mais barato e capaz que o anterior, criando um ciclo virtuoso semelhante ao visto com smartphones em meados dos anos 2010.

Indústria: o primeiro campo de testes em escala

Montadoras como BMW, Mercedes-Benz e Hyundai já empregam humanoides na inspeção de soldas, no transporte de peças e na movimentação de cargas — tarefas antes repetitivas e desgastantes para humanos. A Amazon também testa o robô Digit em centros de distribuição, reduzindo acidentes e aumentando o ritmo de separação de pedidos. Esses casos reais mostram que, quando o custo de oportunidade se equilibra, a substituição vira questão de tempo.

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Atlas, um dos robos humanoides da Boston Dynamics, durante testes de equilíbrio
Atlas, da Boston Dynamics: demonstração de equilíbrio e manipulação avançada.
  • Inspeção de qualidade – câmeras 3D detectam micro-fissuras invisíveis a olho nu.
  • Logística interna – deslocamento autônomo de pallets reduce atrasos na linha de montagem.
  • Testes de ergonomia – coleta de dados em tempo real sobre posições de trabalho inseguras.

Impacto no mercado de trabalho: ameaça ou oportunidade?

Funções estritamente operacionais tendem a encolher, mas o relatório ressalta que áreas de programação, manutenção e supervisão de robôs devem crescer a taxas de dois dígitos ao ano. O Fórum Econômico Mundial calcula que, para cada função automatizada, surgem 1,2 novas vagas associadas à economia digital. No Brasil, o efeito pode ser duplo: perda de empregos em setores pouco qualificados e salto de produtividade em empresas que conseguirem adotar a tecnologia.

“A transição não é sobre robôs contra humanos, e sim sobre humanos com as ferramentas certas competindo globalmente.”

Ana Paula Sato, pesquisadora do Observatório de Indústria 4.0

Tesla Optimus e a corrida dos gigantes

A Tesla lidera os holofotes com o Optimus. O protótipo mais recente já dobra roupas, manuseia objetos frágeis e aprende novas rotinas via software sem necessidade de reprogramação complexa. Boston Dynamics, Figure AI e Agility Robotics competem no mesmo espaço, cada qual com soluções direcionadas a nichos — de tarefas domésticas a operações em canteiros de obras.

  • Optimus – foco em residências e indústrias leves, integração plena com ecossistema Tesla.
  • Atlas – robustez para ambientes de alto risco; demonstrações atléticas viralizam na internet.
  • Digit – design minimalista e compatível com prateleiras padrão de armazéns.

A nova fronteira da IA

O salto de capacidade dos humanoides está diretamente ligado a modelos de linguagem de larga escala e visão computacional. Ao combinar texto, imagem e sinais cinemáticos, os robôs conseguem planejar sequências de movimentos e adaptá-las em tempo real a obstáculos imprevistos. A expectativa é de que, até 2030, a potência de processamento embarcado dobre a cada 18 meses, enquanto o consumo energético caia, empurrando o uso para ambientes sem cabeamento especial.

Desafios éticos e regulatórios

Privacidade de dados, responsabilidade civil em acidentes e possíveis vieses algorítmicos estão no radar de órgãos como a União Europeia, que discute uma AI Act específica para sistemas físicos autônomos. No Brasil, tramitam projetos de lei que propõem selos de conformidade para software crítico e punições para usos mal-intencionados.

  • Propriedade de dados – quem detém as informações captadas por câmeras integradas?
  • Responsabilidade legal – o fabricante ou o usuário responde por falhas fatais?
  • Inclusão social – políticas de requalificação profissional se tornam urgentes.

Cenário brasileiro: adoção gradual, potencial gigante

Embora os custos iniciais ainda sejam impeditivos para a maioria das empresas, setores como agronegócio e mineração testam humanoides em inspeções de equipamentos remotos. Pesquisadores da USP e do ITA desenvolvem controladores adaptativos focados em terrenos irregulares, comuns em plantas no interior do país.

A longo prazo, especialistas veem dois caminhos: importar tecnologias prontas ou verticalizar partes da cadeia — motores, baterias e sensores — para reduzir dependência externa. Programas de fomento como o Rota 2030 podem ser expandidos e incluir incentivos específicos a robótica avançada.

Próximos passos até 2050

  • 2025-2030 – Pilotos comerciais em logística, saúde e manutenção industrial.
  • 2030-2040 – Queda drástica no preço de componentes; chegada aos lares de alto poder aquisitivo.
  • 2040-2050 – Adoção massiva e integração a sistemas urbanos inteligentes.

Perguntas Frequentes sobre Robôs humanoides em 2050

  1. Quando os robôs humanoides chegarão às casas brasileiras?

    Até 2035 já veremos unidades em condomínios de alto padrão, realizando tarefas de limpeza e vigilância. A popularização mais ampla deve ocorrer na década seguinte, conforme o custo anual cair para patamares próximos ao de eletrodomésticos premium. Estudos indicam que a curva de adoção seguirá ritmo semelhante ao da energia solar residencial no país.

  2. Quais empregos estão mais ameaçados?

    Funções repetitivas com baixa exigência cognitiva, como carregamento de cargas e inspeções visuais simples, são as primeiras na linha. Por outro lado, haverá demanda crescente por técnicos em manutenção, desenvolvedores de IA embarcada e especialistas em segurança cibernética para robótica.

  3. Quanto vai custar manter um robô humanoide?

    O Morgan Stanley projeta cerca de US$ 10 mil por ano em 2035, valor que inclui baterias, atualizações de software e peças de desgaste. Em moedas locais, a cifra dependerá da taxa de câmbio e de políticas de importação, mas tende a cair conforme a produção se regionaliza.

  4. Os robôs substituirão totalmente os humanos?

    Não. Estudos do Fórum Econômico Mundial sugerem que a automação transformará, e não eliminará, a maioria das ocupações. Atividades que exigem criatividade, empatia e pensamento crítico continuarão predominantemente humanas, enquanto robôs assumem tarefas pesadas e perigosas.

Considerações finais

A projeção de 1 bilhão de robôs humanoides até 2050 não é mais ficção científica: trata-se de tendência respaldada por dados de mercado, avanços em IA e investimentos bilionários de gigantes da tecnologia. O desafio não está apenas em construir máquinas capazes, mas em preparar pessoas, legislações e infraestruturas para conviver com elas. Países que entenderem essa virada agora poderão colher ganhos expressivos de produtividade e criar empregos altamente qualificados. Quem ficar para trás corre o risco de repetir a história de outras revoluções industriais, perdendo relevância no cenário global.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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