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Por Que Algumas Produções Originais Deixam a Netflix

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Nos últimos dez anos, a Netflix transformou completamente seu catálogo, passando de uma plataforma focada em títulos licenciados para uma potência criadora de conteúdos originais. Atualmente, mais de 60% da biblioteca norte-americana da empresa é composta por produções próprias, os chamados Netflix Originals. No entanto, um fenômeno curioso chama atenção dos assinantes: algumas dessas produções, mesmo com o selo original, acabam saindo do catálogo. Por que isso acontece?

Tipos de Netflix Originals

Nem todos os Netflix Originals são criados da mesma forma. A classificação de um título como “original” pode indicar origens e acordos de direitos autorais muito distintos. A seguir, explicamos os quatro principais tipos de produções originais, com exemplos e diferenças contratuais.

1. Produções 100% Originais – Propriedade Total da Netflix

Stranger Things é exemplo de série totalmente original da Netflix
Séries como Stranger Things e The Witcher pertencem integralmente à Netflix.

Neste modelo, a Netflix detém todos os direitos sobre a obra — desde a concepção até a exibição. Isso significa que o título faz parte do catálogo permanente, salvo em situações jurídicas excepcionais. Produções desse grupo incluem sucessos como Stranger Things, Locke & Key, The Witcher e Bridgerton. Ou seja, os fãs não precisam se preocupar: essas séries devem permanecer na plataforma por tempo indeterminado.

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2. Distribuição Exclusiva em Países Selecionados

Distribuição de Derry Girls
Títulos como Derry Girls foram exibidos originalmente por emissoras e chegaram à Netflix por acordos regionais.

Esse tipo de acordo foi muito comum nos primeiros anos da plataforma. Nele, a Netflix atua apenas como distribuidora em determinadas regiões após a exibição original em outro canal. Um bom exemplo é Better Call Saul, transmitida pela AMC nos Estados Unidos, mas distribuída pela Netflix em diversos outros países. Séries britânicas como Crazyhead e Derry Girls, além de dramas coreanos licenciados, seguem o mesmo modelo. Esse formato, porém, implica prazos limitados: quando o contrato de distribuição expira, o título deixa o catálogo.

3. Coproduções com Distribuição Global

Filmagens de Wednesday
Wednesday é uma coprodução entre Netflix e MGM.

Nas coproduções, a Netflix divide investimentos e direitos com estúdios parceiros. Isso garante exclusividade temporária à plataforma, mas, após o prazo contratual — que varia de anos a décadas —, a obra pode ser removida. Séries como Wednesday (MGM Television), Ozark (MRC), Lucifer (Sony), The Umbrella Academy (Universal) e Manifest são exemplos desse tipo. No caso de filmes, o diretor e produtor Tyler Perry mantém os direitos de suas obras financiadas pela Netflix após 15 anos de exibição.

4. Aquisições com Distribuição Global

Train Dreams Netflix
Train Dreams foi adquirido pela Netflix após o Festival de Sundance.

Por fim, existem títulos que são adquiridos pela Netflix já prontos. A empresa paga um valor pelo direito de distribuição exclusiva durante um período determinado — geralmente de 10 a 20 anos. É o caso de produções independentes como Train Dreams e The Mitchells vs. The Machines. Depois desse prazo, as obras podem migrar para outros serviços.

Essa estratégia é especialmente comum em filmes e documentários oriundos de festivais — quando a Netflix compra os direitos de distribuição internacional após a exibição em eventos como o Sundance Film Festival. Embora mantenha o selo “Original”, o contrato de exibição é temporário.

Por Que Alguns Títulos Originais Saem da Netflix?

As remoções normalmente acontecem quando o contrato de licenciamento chega ao fim. A Netflix pode optar por renovar o acordo ou deixá-lo expirar, especialmente se os custos superarem o retorno de audiência. Em outros casos, o estúdio original decide recuperar os direitos para exibir o conteúdo em sua própria plataforma — algo que se tornou comum após o crescimento da concorrência no streaming, como Disney+, HBO Max e Amazon Prime Video.

Além disso, já houve situações em que séries originalmente rotuladas como “Netflix Originals” saíram do catálogo e retornaram meses depois, mas sem o selo original — indicando que os direitos de propriedade haviam mudado.

“Os acordos são fluidos e podem ser estendidos ou revertidos a qualquer momento. Nem todos os títulos com selo Original pertencem à Netflix.”

Kasey Moore, editor do What’s on Netflix

O Que Esperar do Futuro dos Netflix Originals

Com o mercado de streaming cada vez mais competitivo, é provável que a Netflix priorize produções 100% próprias. Assim, dependerá menos de acordos com outros estúdios e poderá garantir a permanência de seus títulos-chave. Investimentos em franquias como Stranger Things, The Witcher e Bridgerton reforçam essa tendência.

Se por um lado isso garante estabilidade ao catálogo, por outro limita a diversidade de parcerias e coproduções internacionais. Ainda assim, a Netflix continua a expandir seu ecossistema de conteúdos, mesclando grandes produções, filmes independentes e parcerias pontuais — uma estratégia que equilibra popularidade global e alcance regional.

Perguntas Frequentes sobre Netflix Originals

  1. Por que séries com selo ‘Netflix Original’ desaparecem do catálogo?

    Isso ocorre quando o contrato de licenciamento ou coprodução expira. A plataforma pode optar por renovar o acordo ou encerrar a exibição se os direitos retornarem ao estúdio original.

  2. Quais produções permanecem permanentemente na Netflix?

    Títulos criados e financiados integralmente pela empresa, como Stranger Things e Bridgerton, fazem parte do catálogo permanente da plataforma.

  3. A Netflix pode readquirir direitos de uma obra removida?

    Sim. Em diversos casos, a plataforma readquiriu o licenciamento de títulos que haviam sido removidos, especialmente quando há demanda do público.

  4. As produções originais variam por país?

    Sim. Alguns títulos são considerados ‘originais’ apenas em certas regiões, dependendo das regras de distribuição e exclusividade.

Considerações Finais

Ao entender os diferentes tipos de Netflix Originals, fica claro que a presença — ou ausência — de uma obra no catálogo depende de uma intrincada rede de acordos de licenciamento. O selo “Original” não é, necessariamente, um sinônimo de propriedade definitiva, mas um indicativo de exclusividade temporária ou de coprodução. Conforme o streaming amadurece, a transparência sobre esses contratos se torna essencial para a fidelização dos assinantes e o entendimento do público sobre o ecossistema digital do entretenimento.

Fonte: What’s on Netflix

Gabriela Santos

Viciada em duas telas: a do cinema e a do meu setup. Filmes, gadgets e tudo que há de bom no meio.

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