Comick, site pirata de mangá, cai; operador fala
Comick saiu do ar em 18 set 2025 após pressão jurídica e de provedores; o operador, conhecido como Meotim, quebrou o silêncio em uma postagem no Reddit explicando “erros fatais”. Em três meses antes da queda, o site acumulou quase 400 milhões de visitas (Similarweb). O Lumen Database registrou centenas de avisos DMCA recentes enviados a Google por editoras como Kodansha, VIZ Media e Haksan.
A unidade antipirataria da Kakao Entertainment, P.CoK, comemorou publicamente o desligamento. Entenda o que aconteceu, o que disse o responsável, por que editoras intensificaram ações e o impacto para leitores e grupos de scanlation. Atualizado: 18 de setembro de 2025.
Tabela de conteúdos
O que aconteceu com o Comick
Um dos maiores agregadores não licenciados de mangas, o Comick encerrou atividades nesta semana. O motivo, segundo o próprio operador, envolve uma combinação de pressão de editoras, exposições de dados por provedores (CDNs, Cloudflare e registradores de domínio) e o acúmulo de notificações de remoção que minaram a sustentação técnica e jurídica do serviço. Em termos de demanda, o site vinha em alta: quase 400 milhões de visitas nos três meses anteriores, com a inclusão semanal de centenas de títulos e milhares de capítulos, de acordo com a cobertura original do Anime Corner com dados do Similarweb.
O que disse Meotim: mea-culpa e ingenuidade estratégica
Em uma longa mensagem, o responsável pelo Comick reconheceu “erros fatais” na condução do projeto, como subestimar a agressividade das editoras contra sites sem licença desde o início e focar demais em recursos, negligenciando blindagens jurídicas e operacionais. Ele relatou que provedores teriam cedido informações pessoais com facilidade, permitindo sua identificação. Em suas palavras, o operador acreditava não estar “fazendo nada de errado” e cogitava, num futuro em que o site fosse dominante, tentar adquirir licenças “como a Crunchyroll”.
“Desculpem: por meus erros fatais, o Comick foi derrubado.”
Meotim, operador do Comick (tradução livre)
“Sou apenas um homem honesto e direto.”
Meotim, operador do Comick (tradução livre)
O tom do depoimento mescla frustração e um apelo à continuidade por terceiros: ele “espera” que alguém mais habilidoso siga uma linha de receita mínima via anúncios e apoio a scanlators, missão que afirma não ter conseguido completar. O reconhecimento de que subestimou o risco regulatório e jurídico revela a distância entre a ambição técnica do projeto e as obrigações de licenciamento no mercado global de mangás.
Pressão de editoras, DMCA e rastros públicos
Embora não esteja confirmado quais editoras iniciaram as primeiras ações diretas contra o operador, o Lumen Database mostra centenas de pedidos recentes de remoção de URLs com “comick.io”, registrados em nome de diferentes detentores de direitos e encaminhados ao Google. Entre eles estão Kodansha, VIZ Media e Haksan Publishing. Em paralelo, a alegação de que CDNs e registradores teriam fornecido dados reforça como a infraestrutura de um site pirata pode se tornar um vetor de identificação quando acionada por processos legais.
Indicador | Referência |
Visitas (últimos 3 meses) | ~400 milhões (Similarweb, via Anime Corner) |
DMCA recentes | Centenas de notificações (Lumen Database) |
Editoras citadas | Kodansha, VIZ Media, Haksan Publishing |
Esses rastros públicos ajudam a contextualizar a escalada: maior visibilidade implica maior risco de ações coordenadas. A fronteira entre indexação, agregação e hospedagem de conteúdo protegido por direitos é pouco tolerada pelas editoras, que nos últimos anos intensificaram a perseguição a grandes hubs de mangás e webtoons não licenciados.
P.CoK, da Kakao, comemora a queda
A unidade antipirataria da Kakao Entertainment, chamada P.CoK (Protecting the Content of Kakao Entertainment), celebrou publicamente o fim do Comick em post na plataforma X. A equipe ganhou notoriedade ao pressionar o encerramento de hubs como o Reaper Scans, com direito a entrevista posterior explicando a atuação, e mantém um discurso de proteção a autores e à cadeia produtiva de quadrinhos e webtoons.
Impacto para leitores, scanlators e mercado
Para leitores, a indisponibilidade de um hub massivo tende a fragmentar o acesso no curto prazo e a reduzir a conveniência de leitura gratuita. Para grupos de scanlation, o Comick afirmava oferecer ferramentas (como temporizadores de lançamento) e um ambiente com menos publicidade intrusiva, propondo centralização. Na prática, a queda realça um dilema recorrente: a centralização facilita a descoberta de conteúdo, mas amplia riscos legais e concentra alvos para enforcement.
No mercado formal, a retirada de um megaagregador pode aliviar a concorrência desleal de curto prazo, mas não elimina a demanda por acessibilidade, rapidez e tradução em múltiplos idiomas — fatores que impulsionam a migração para canais não oficiais. Editoras que investem em lançamentos simultâneos, preços acessíveis e catálogos robustos tendem a reduzir o incentivo à pirataria, porém o vácuo deixado por plataformas como o Comick costuma ser rapidamente preenchido por alternativas.
O que observar a seguir
Sem confirmação pública das editoras que teriam pressionado diretamente o operador, o foco deve recair na continuidade de pedidos DMCA e na (im)possibilidade de reaparecimento do domínio sob novos provedores e registradores. Em paralelo, a reação de comunidades de leitura e de grupos de tradução indicará se parte dessa base migra para serviços licenciados ou para novos agregadores. Por fim, resta ver se a mensagem de Meotim inspira tentativas “compliance-first” — embora, sem licenças, qualquer escala relevante volta a esbarrar no mesmo muro jurídico.
“Eu queria construir o melhor site de mangás, mas não terminei meu sonho.”
Meotim (tradução livre, trecho curto)
Transparência: este texto se baseia na publicação de Meotim no Reddit, em dados de remoções do Lumen Database. O objetivo é informativo; não incentivamos pirataria.
Perguntas Frequentes sobre Comick foi desligado
Por que o Comick foi desligado?
Resposta direta: pressão de editoras e avisos DMCA. Expansão: o operador citou ‘erros fatais’, foco em recursos e exposição de dados por provedores, o que facilitou ações legais e a queda do site. Validação: Lumen mostra centenas de notificações recentes e a P.CoK celebrou publicamente o encerramento.
Quem é Meotim e o que ele disse?
Resposta direta: operador e desenvolvedor do Comick. Expansão: publicou no Reddit um mea-culpa, admitindo ingenuidade sobre licenças, riscos jurídicos e identificação via infraestrutura. Validação: trechos curtos citados e link para a postagem original constam na matéria.
Quais editoras aparecem nos pedidos de remoção?
Resposta direta: Kodansha, VIZ Media e Haksan. Expansão: o Lumen Database registra centenas de DMCA envolvendo URLs do Comick enviadas a Google por diversos representantes. Validação: consulta pública disponível no Lumen; nomes citados aparecem na busca mais recente.
O Comick pode voltar com outro domínio?
Resposta direta: não há confirmação. Expansão: mesmo com novo domínio/infra, a escala atrai novas notificações e riscos legais sem licenças; provedores e CDNs podem cooperar com autoridades. Validação: histórico de hubs que reaparecem e caem novamente respalda o cenário.
Como ler mangá legalmente e apoiar autores?
Resposta direta: use serviços licenciados. Expansão: plataformas oficiais ofertam catálogos, traduções e lançamentos simultâneos a preços acessíveis, reduzindo riscos e apoiando a cadeia criativa. Validação: editoras e serviços regionais listam títulos licenciados e garantem royalties.
Considerações finais
O caso Comick sintetiza a tensão entre conveniência tecnológica e direitos autorais. A admissão pública de falhas por parte do operador expõe o quão frágil é a sustentação de um serviço global sem licenças, por mais sofisticado que seja o produto. Do lado da indústria, a combinação de monitoramento, DMCA e cooperação de provedores mostra-se eficaz contra hubs em larga escala. O desfecho não encerra o fenômeno da pirataria, mas redefine, mais uma vez, o tabuleiro — migrando a demanda, pressionando por ofertas oficiais competitivas e lembrando que, na economia da atenção, compliance não é opcional.