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Taiwan inclui Huawei e SMIC em controle de exportações

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TAIPEI — Taiwan adicionou Huawei Technologies e Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC) à sua lista de controle de exportação, que inclui outras organizações proibidas, como o Talibã e a Al Qaeda.. A medida, aplicada em 10 de junho de 2025, exige que qualquer empresa taiwanesa solicite autorização governamental antes de vender produtos ou tecnologia às companhias listadas.

O Ministério da Economia justificou a decisão citando “prevenção de proliferação de armas” e outras considerações de segurança nacional. O movimento reforça o cerco global às ambições chinesas nas áreas de semicondutores e inteligência artificial.

O que muda para as empresas taiwanesas

Ao entrar na chamada Entity List taiwanesa, Huawei e SMIC passam a depender de licenças individuais para adquirir desde circuitos integrados simples até equipamentos avançados de fabricação de chips. O texto publicado pela Administração de Comércio Estratégico (Bureau of Foreign Trade) especifica que:

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  • Pedidos de licença serão analisados caso a caso, com prazo máximo de 60 dias;
  • O exportador deve comprovar a finalidade civil do produto;
  • Transbordo via terceiro país também requer autorização;

Empresas que violarem as regras podem enfrentar multas equivalentes a 10 vezes o valor da transação e perda do direito de exportar por até cinco anos. Para gigantes como a TSMC, principal fornecedora da Nvidia, isso significa redobrar processos de due diligence e compliance antes de qualquer envio.

“Precisamos equilibrar interesses comerciais e segurança nacional. A decisão foi técnica, não política”,

porta-voz do Ministério da Economia de Taiwan

Huawei e SMIC: por que estão na mira

As duas companhias lideram os esforços de Pequim para alcançar autossuficiência em semicondutores e IA. A Huawei, já restrita pelo Departamento de Comércio dos EUA desde 2019, surpreendeu o mercado ao lançar, em 2024, o processador de IA Ascend 910B. Ao desmontar o chip, a consultoria TechInsights identificou wafers produzidos pela própria TSMC, evidência de como fluxos tecnológicos ainda driblavam sanções anteriores.

Já a SMIC, maior foundry da China, investe US$ 28 bilhões em novas fábricas para produzir nós de 5 nm até 2027. Segundo autoridades taiwanesas, a empresa foi flagrada tentando recrutar engenheiros da ilha e obter segredos industriais de litografia ultravioleta extrema (EUV).

  • Huawei: foco em IA, 5G e computação de borda;
  • SMIC: expansão de capacidade, parceria com estatais chinesas;

Reação internacional e possível retaliação

Até o momento, Pequim não emitiu comunicado oficial, mas analistas esperam que o Ministério do Comércio da China adote medidas recíprocas. Sob pressão dos EUA, aliados como Japão, Coreia do Sul e Países Baixos também apertaram a venda de maquinário de litografia para a China. A inclusão de campeões nacionais numa lista taiwanesa sinaliza que Taipei está alinhada aos esforços liderados por Washington.

Em relatório ao Congresso dos EUA, o Center for Strategic and International Studies (CSIS) avaliou que “o elo Taiwan–EUA torna-se ainda mais crítico para conter a capacidade militar chinesa”. Para a União Europeia, a decisão pode aliviar a pressão sobre fornecedores como ASML.

Impacto na corrida global de semicondutores

O mercado de chips, estimado em US$ 600 bilhões para 2025, vive escassez de capacidade avançada. Restrições adicionais tendem a:

  • Elevar custos de P&D para empresas chinesas, que precisarão desenvolver ferramentas domésticas;
  • Aumentar a dependência de fornecedores alternativos, como GlobalFoundries e Samsung;
  • Acelerar a regionalização de cadeias de suprimento em países “amigos” (friend-shoring);

No curto prazo, analistas preveem atrasos em produtos Huawei baseados em IA e menor disponibilidade de chips SMIC para marcas locais de smartphones. Para Taiwan, o risco é a escalada de tensões militares no Estreito, mas a indústria considera que a vantagem tecnológica compensa o potencial revés comercial.

Regulamentos de exportação de Taiwan: panorama

Taiwan mantém, desde 2022, regras inspiradas na Wassenaar Arrangement, cobrindo 3.400 itens de alta tecnologia. A lista de entidades, agora com 601 nomes, inclui organizações da Rússia, Irã, Mianmar e Paquistão. Diferentemente das sanções unilaterais dos EUA, Taipei exige end-use statement detalhado e comprovação de usuário final para cada embarque.

  • 2022: Primeira lista focada em drones e IA;
  • 2023: Inclusão de entidades russas após invasão da Ucrânia;
  • 2025: Huawei e SMIC somam-se ao rol de risco crítico.

Considerações finais

A decisão de Taiwan reforça a fragmentação geopolítica das cadeias de semicondutores e coloca Huawei e SMIC sob uma nova camada de escrutínio. Para Taipei, o trade-off entre proteger seu capital intelectual e manter receitas de exportação parece claro: a segurança nacional prevalece. Observadores esperarão se Pequim responderá com contramedidas ou investirá ainda mais na busca por autossuficiência. O fato é que, a cada nova restrição, o fosso tecnológico entre China e o resto do mundo tende a se ampliar no curto prazo — um cenário que reorganiza poder, capital e talento no coração da economia digital.

  1. O que é a lista de controle de exportação de Taiwan?

    É um registro oficial de entidades que representam risco à segurança. Enviar produtos a elas exige licença. Criada em 2022, ganhou novas categorias em 2025.

  2. Por que Huawei e SMIC foram incluídas?

    Segundo o governo, elas podem facilitar proliferação de armas e desviar tecnologia crítica. Ambas lideram projetos de IA e chips avançados na China.

  3. Como a decisão afeta a TSMC?

    A TSMC terá de solicitar licenças antes de vender chips feitos em Taiwan para Huawei ou SMIC, ampliando prazos e custos de compliance.

  4. Há risco de retaliação chinesa?

    Especialistas não descartam restrições a empresas taiwanesas na China, mas o impacto dependerá de decisões políticas em Pequim.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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