Crise da RAM pode elevar preços de smartphones e PCs em 2026
Segundo estudos recentes da IDC, o preço médio de smartphones e computadores pessoais pode aumentar até 8% em 2026 devido a uma crise global da memória RAM. A escassez no fornecimento e o aumento da demanda — impulsionado pela explosão dos data centers de inteligência artificial — criaram um desequilíbrio crítico entre oferta e consumo de chips.
Tabela de conteúdos
O que está por trás da crise da RAM?
A consultoria IDC detectou que datacenters de IA estão consumindo a maior parte da produção mundial de chips de memória, especialmente módulos de alta largura de banda usados para treinar e rodar modelos de IA generativa. Essa mudança desviou parte significativa da produção das memórias DDR tradicionais, utilizadas em dispositivos de consumo, como smartphones, tablets e notebooks.
“O aumento drástico de investimentos em infraestrutura para IA criou um gargalo global na cadeia de suprimentos de DRAM e NAND”, explica o relatório. Fabricantes como Samsung, Micron e SK Hynix priorizaram as memórias HBM (High Bandwidth Memory), deixando escassos os componentes mais acessíveis usados em PCs e celulares.
Impacto direto nos smartphones
De acordo com a IDC, o preço médio de venda dos smartphones deve subir entre 3% e 8% em 2026. Marcas chinesas com margens reduzidas, como a Xiaomi, serão as mais impactadas e podem repassar o custo diretamente aos consumidores. Já empresas voltadas ao segmento premium, como Apple e Samsung, possuem reservas financeiras maiores para mitigar o choque, mas devem limitar a inclusão de RAM extra em seus topos de linha.
Além disso, a IDC afirma que novos aparelhos “AI-ready”, capazes de executar modelos de linguagem localmente, precisarão de mais memória e desempenho — o que deve ampliar ainda mais o custo para o consumidor final.
O mercado de PCs e notebooks com aumento da memórias RAM
O setor de PCs vive um cenário ainda mais desafiador. Além do aumento nos custos de RAM, a transição entre o Windows 10 e o Windows 11 e a forte aposta em AI PCs — computadores equipados com Neural Processing Units (NPUs) — estão empurrando o preço médio de venda para cima. Em um cenário pessimista, a alta pode chegar a 8%.
Empresas como a Dell esperam que, enquanto as quebras de estoque menores sofram com prazos de entrega, grandes marcas aumentem sua participação de mercado justamente por terem estoques e contratos mais estáveis com fornecedores.
A escassez também deve alterar o perfil técnico dos notebooks de 2026: a IDC prevê que modelos com mais de 16 GB de RAM se tornem significativamente mais caros, empurrando os consumidores para versões mais básicas.
A crise da RAM deve se estender até 2027
Para a Micron e outras especialistas do setor, o desajuste entre oferta e demanda persistirá até 2027. O aumento no número de megacenters de IA — de empresas como Meta e Microsoft — continuará pressionando o fornecimento. Segundo analistas, enquanto essas companhias exigirem memórias de largura de banda altíssima, a indústria dificilmente retomará o equilíbrio.
Relatórios da TrendForce reforçam a previsão pessimista: em 2026, eletrônicos podem apresentar especificações reduzidas para compensar os altos custos de produção. Isso inclui menos RAM, armazenamento menor e até corte de recursos extras em modelos intermediários.
Consequências globais e no Brasil do aumento das memórias RAM
No cenário brasileiro, a Samsung já antecipa aumentos de até 20% em 2026, conforme noticiado anteriormente. Contratos de fornecimento globais reajustados pela Dell e Lenovo também devem impactar o mercado nacional de notebooks e desktops. A produção local pode amenizar parte das perdas, mas não resolverá os custos das memórias importadas.
Possíveis saídas e o papel da IA na crise da RAM
Especialistas apontam que novas arquiteturas de memória e otimizações de IA poderão reduzir o impacto no médio prazo. Chips de última geração, como os da Qualcomm ou processadores híbridos da Intel e AMD, podem diminuir a dependência de RAM ao distribuir tarefas de forma mais eficiente. No entanto, essas soluções ainda levarão tempo para chegar ao mercado em escala.
Por que os preços de smartphones e PCs vão subir em 2026?
A escassez global de memória RAM e NAND causada pela corrida na construção de data centers de IA está elevando os custos para fabricantes, o que pode resultar em aumentos de até 8% em 2026.
Quando a crise da RAM deve acabar?
Segundo a IDC e a Micron, o desequilíbrio entre oferta e demanda de memórias deve se manter até 2027, quando novas fábricas poderão entrar em operação.
O que são AI PCs e como eles afetam os preços?
AI PCs são computadores equipados com NPUs para processar IA localmente. Eles exigem mais RAM, o que pressiona ainda mais a demanda e encarece os dispositivos.
As marcas chinesas serão as mais afetadas?
Sim, fabricantes como Xiaomi e Oppo, que operam com margens de lucro pequenas, tendem a repassar o aumento de custos ao consumidor final, enquanto Apple e Samsung conseguem absorver parte do impacto.
Há alguma alternativa para reduzir o impacto dos aumentos?
Consumidores podem optar por modelos intermediários ou de gerações anteriores enquanto o mercado se estabiliza. Atualizações de software e otimizações em IA podem ajudar a prolongar o desempenho dos dispositivos.
Considerações finais do aumento das memórias RAM
A crise da RAM não afeta apenas o preço dos eletrônicos, mas também reflete a transformação acelerada do setor tecnológico. Com a inteligência artificial impulsionando a demanda por capacidade computacional, fabricantes enfrentam uma encruzilhada entre inovação e sustentabilidade econômica. A forma como empresas e governos lidarem com essa pressão nos próximos dois anos definirá o equilíbrio do mercado de hardware até o fim da década.
