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EUA inserem rastreadores em chips de IA para evitar desvios à China

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Autoridades dos Estados Unidos estão secretamente inserindo rastreadores avançados em remessas de chips de inteligência artificial (IA), com o objetivo de impedir que essa tecnologia seja desviada ou contrabandeada para a China. A ação, revelada em 14/08/2025 e confirmada por fontes próximas ao governo americano, reforça as restrições de exportação impostas desde 2022 e representa uma ofensiva nunca antes vista no setor de tecnologia de ponta. Os chips monitorados incluem modelos sofisticados da Nvidia e AMD, enviados por empresas como Dell e Super Micro.

A presença dos rastreadores, apoiada por órgãos como o Departamento de Comércio e o FBI, visa mitigar brechas no controle comercial, dificultando o contrabando por rotas alternativas via países como Malásia e Singapura. Essa movimentação evidencia o temor dos EUA de que os avanços chineses em IA possam ameaçar a soberania tecnológica e a segurança nacional ocidental.

Rastreadores: como funcionam e onde estão escondidos

Segundo levantamento da agência Reuters, os rastreadores são dispositivos ocultos de diferentes tamanhos: alguns são camuflados em caixas de transporte, outros aplicados nas embalagens internas e até mesmo instalados no interior dos servidores que abrigam os chips de IA. Fontes ligadas à cadeia de fornecimento confirmaram ter encontrado rastreadores em servidores das marcas Dell e Super Micro, sempre equipados com processadores Nvidia ou AMD de última geração. Apesar da sofisticação, revendedores do mercado paralelo já tomam medidas para tentar identificar esses dispositivos, inspecionando minuciosamente as remessas suspeitas.

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Placas e wafers de chips de IA fabricados para exportação internacional
Wafers de chips: produção sob vigilância crescente e controles de exportação mais rígidos (Imagem: Divulgação/TSMC)

Restrições dos EUA e estratégias de evasão

A política de bloqueio à exportação de chips de IA para a China começou em 2022, com as autoridades norte-americanas buscando limitar o acesso chinês a semicondutores de alto desempenho. Isso não só estimulou o surgimento de uma rota paralela por países como Malásia, Singapura e Emirados Árabes, como também dificultou o rastreamento dos chips após deixarem os EUA. Em resposta, as autoridades intensificaram o monitoramento com dispositivos rastreadores, alinhando o processo ao setor de aviação, que já utiliza práticas semelhantes para monitorar componentes sensíveis.

Departamento de Justiça dos EUA, órgão responsável por ações investigativas contra contrabando de tecnologias sensíveis
Departamento de Justiça dos EUA: investigações reforçadas sobre desvios de tecnologia de IA (Imagem: Divulgação)

Como as empresas se posicionam?

As principais empresas ocidentais envolvidas no fornecimento dos chips negam oficialmente participação na colocação de rastreadores. A Dell informou “não ter conhecimento de iniciativa do governo dos EUA” em suas remessas, enquanto a Nvidia afirma que “não instala dispositivos secretos de rastreamento” nos produtos. A Super Micro preferiu não comentar suas práticas de segurança, e a AMD não se manifestou. Pelo lado chinês, o Ministério das Relações Exteriores declarou desconhecer o caso. Isso não impediu autoridades americanas de seguir monitorando discretamente os fluxos de exportação e colaboração com o FBI e o Departamento de Segurança Interna (HSI).

Contrabandistas já estão em alerta

A tática de usar rastreadores aparentemente não é mais segredo entre redes ilícitas. Em recentes investigações, incluindo a prisão de dois chineses na Califórnia por exportação ilegal de chips Nvidia, ficou claro que contrabandistas já inspecionam cargas à procura desses dispositivos. Uma troca de mensagens interceptada revelou a recomendação explícita para examinar servidores suspeitos de conter rastreadores antes do envio ao continente asiático, mostrando uma verdadeira “guerra tecnológica” no submundo da exportação de hardware de IA.

Quem fiscaliza e quais são os próximos passos?

A fiscalização é coordenada pelo Departamento de Comércio dos EUA, responsável por aplicar regras comerciais, com forte apoio do FBI e do HSI. Essas operações tendem a se tornar cada vez mais sofisticadas, podendo adotar outros métodos de monitoramento. O embate sino-americano pela vanguarda em IA e semicondutores deve se aprofundar, com impactos contínuos no mercado tecnológico global — especialmente nas cadeias de suprimentos e preços de componentes estratégicos. Além disso, a revelação do uso de rastreadores deve impulsionar novas regulamentações e uma intensificação da vigilância internacional sobre o comércio de alta tecnologia.

Contexto: Inteligência artificial e a disputa global

O endurecimento nas restrições dos EUA faz parte de uma estratégia global para manter a liderança em inteligência artificial e impedir avanços chineses no setor militar e de big data. O controle sobre os chips e seu rastreamento visa prevenir que IA poderosa seja treinada fora dos parâmetros e valores ocidentais. Empresas, governos e órgãos multilaterais monitoram de perto a evolução desse cenário, temendo desde usos militares até o domínio econômico via automação inteligente e vigilância massiva.

Considerações finais

O uso de rastreadores em remessas de chips de IA escancara a dimensão da batalha geopolítica contemporânea envolvendo tecnologia, soberania e segurança nacional. Com restrições cada vez mais rigorosas, empresas e redes de contrabando se adaptam rapidamente, tornando o controle do fluxo tecnológico um desafio crescente para as autoridades. Os desdobramentos desse embate repercutem não apenas no setor de IA, mas em toda a cadeia de inovação global, levantando questões sobre ética, mercados paralelos e o futuro do desenvolvimento tecnológico internacional.

Perguntas frequentes sobre rastreadores em chips de IA

  1. Por que os EUA inserem rastreadores em chips de IA?

    Para controlar as remessas de chips avançados e impedir que sejam desviados ilegalmente para a China ou outros países sob restrição. Assim, as autoridades conseguem rastrear o destino e o uso dos semicondutores sensíveis, prevenindo violações de exportação. A medida permite reunir provas para possíveis ações judiciais.

  2. Quais empresas tiveram produtos com rastreadores identificados?

    Dell e Super Micro tiveram servidores monitorados via rastreadores, equipados com chips Nvidia e AMD. A empresa Dell nega envolvimento na operação; Nvidia e Super Micro também rejeitam participação direta. As investigações apontam que toda a cadeia de fornecimento está sob análise das autoridades americanas.

  3. Como os contrabandistas reagem aos rastreadores?

    Eles reforçam a inspeção das remessas, buscando identificar rastreadores antes do envio. Mensagens interceptadas mostram que há uma orientação clara para conferir servidores e embalagens, demonstrando que a prática, apesar de recente, já é conhecida no mercado ilegal. O Departamento de Justiça americano monitora as investigações.

  4. A China reagiu oficialmente às denúncias?

    O Ministério das Relações Exteriores da China declarou não ter conhecimento sobre o uso de rastreadores em chips exportados dos EUA, não emitindo posição firme até o momento. O país, porém, acompanha o aumento das restrições e monitora possíveis impactos em suas empresas de tecnologia e importadores.

  5. Essas restrições afetam o consumidor final de tecnologia?

    Em geral, o impacto maior se dá no mercado corporativo e de pesquisa. Entretanto, a redução da oferta de chips avançados pode elevar os preços de produtos que dependem de IA e semicondutores, além de retardar lançamentos no mercado global. Espera-se monitoramento contínuo da cadeia pela indústria internacional.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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