Falha Global da Cloudflare Derruba Grandes Sites e Serviços Hoje, 18 de Novembro de 2025
Uma falha Global da Cloudflare, um dos pilares da infraestrutura da internet, provocou um verdadeiro “apagão” digital na manhã desta terça-feira, 18 de novembro de 2025. A interrupção massiva deixou milhões de usuários em todo o mundo sem acesso a serviços essenciais, incluindo redes sociais como X (antigo Twitter), ferramentas de inteligência artificial como ChatGPT, plataformas de streaming como Spotify e centenas de outros sites. O incidente expôs a fragilidade da arquitetura da web e a profunda dependência de um pequeno número de gigantes da tecnologia.
A manhã de terça-feira começou com frustração para usuários da internet em escala global. Por volta das 8h50 (horário de Brasília), uma cascata de falhas começou a se manifestar. Sites populares e aplicativos essenciais subitamente se tornaram inacessíveis, exibindo mensagens de “Erro 500” (Internal Server Error), que indicam uma falha no servidor. A causa raiz não estava nos servidores dos sites individuais, mas em uma interrupção nos serviços da Cloudflare, empresa que fornece a infraestrutura de rede e segurança para uma fatia significativa da internet.
Tabela de conteúdos
A Cronologia do Caos Digital
O incidente desenrolou-se rapidamente, com a própria Cloudflare confirmando o problema em sua página de status oficial.
- 11:48 UTC (08:48 Brasília): A Cloudflare publica o primeiro alerta, informando que está “investigando um problema que impacta múltiplos clientes: erros 500 generalizados, o Painel de Controle da Cloudflare e a API também estão falhando”.
- 12:03 UTC (09:03 Brasília): A empresa confirma uma “degradação interna do serviço” e que a investigação está em andamento.
- 13:09 UTC (10:09 Brasília): A Cloudflare anuncia ter identificado a causa do problema e que uma correção estava sendo implementada.
- 13:13 UTC (10:13 Brasília): A empresa relata que serviços como Cloudflare Access e WARP começaram a se recuperar, com as taxas de erro retornando ao normal em algumas áreas.
- 14:34 UTC (11:34 Brasília) : Foram relatadas novas correções que restauraram parcialmente o serviço.
Apesar da rápida identificação, a restauração completa dos serviços levou tempo, com muitos usuários ainda enfrentando instabilidade e erros intermitentes horas após o início da falha.
O Impacto Abrangente: Quais Serviços Foram Afetados?
A lista de plataformas afetadas pela queda da Cloudflare é vasta e demonstra a onipresença da empresa na infraestrutura da web. O efeito dominó impactou:
- Redes Sociais: X (antigo Twitter), Discord, Truth Social.
- Inteligência Artificial: ChatGPT (OpenAI), Claude, Perplexity.
- Ferramentas de Produtividade e Design: Canva, Notion.
- Streaming e Entretenimento: Spotify, Letterboxd.
- Serviços e Comércio: Amazon, Uber, iFood, DoorDash.
- Games: League of Legends, Valorant, Steam.
- Criptomoedas: Diversas corretoras relataram problemas de acesso.
- Monitoramento: O próprio DownDetector, site usado para verificar o status de outros serviços, também foi afetado pela interrupção.
O impacto financeiro também foi sentido, com as ações da Cloudflare Inc. registrando uma queda de quase 5% na Nasdaq durante a manhã do incidente.
Por Que a Falha Global da Cloudflare Causa um Impacto Tão Grande?
A Cloudflare não é uma empresa de hospedagem tradicional. Ela atua como uma camada intermediária crucial entre o usuário e o servidor de um site. Suas principais funções incluem:
- Rede de Distribuição de Conteúdo (CDN): Acelera o carregamento de sites ao armazenar cópias de seu conteúdo em servidores espalhados pelo mundo, mais próximos dos usuários.
- Segurança: Protege os sites contra uma variedade de ameaças cibernéticas, incluindo ataques massivos de negação de serviço (DDoS), que tentam sobrecarregar os servidores com tráfego malicioso.
Quando essa “ponte” intermediária falha, o tráfego não consegue chegar ao seu destino final, mesmo que os servidores do site de destino estejam perfeitamente operacionais. Este incidente, assim como outros anteriores envolvendo grandes provedores como AWS e Azure, serve como um forte lembrete de como a internet moderna é centralizada e vulnerável a pontos únicos de falha.
A Resposta da Cloudflare e as Causas da Interrupção
Em seus comunicados, a Cloudflare atribuiu o problema a uma “degradação interna de serviço” e trabalhou para mitigar o impacto. Uma das medidas tomadas durante a tentativa de correção foi desativar o acesso WARP (um aplicativo de segurança de rede) em Londres.
Embora a empresa ainda não tenha divulgado um relatório post-mortem detalhado sobre a causa exata, especula-se sobre a complexidade da infraestrutura global. Curiosamente, havia uma manutenção programada para um datacenter em Santiago, Chile, no mesmo dia, mas não há confirmação de que os eventos estejam relacionados.
Este não é o primeiro grande incidente da Cloudflare em 2025. Em junho, uma falha grave já havia impactado vários de seus produtos, destacando a complexidade de manter uma rede global estável. Especialistas apontam que a crescente automação e os cortes de custos na indústria de tecnologia podem aumentar o risco de futuros “apagões digitais”. O evento desta terça-feira reforça a necessidade de um debate sobre a diversificação da infraestrutura da internet para garantir sua resiliência no futuro.
Conclusão
O incidente da Cloudflare em 18 de novembro de 2025 foi um lembrete brutal da fragilidade da infraestrutura moderna da internet. O que começou como um pico de tráfego ou uma falha de configuração em um sistema de segurança escalou para um evento global que silenciou IAs, paralisou bancos brasileiros e desconectou redes sociais.
A análise técnica aponta para a complexidade ingovernável de sistemas Anycast globais e a interdependência perigosa entre planos de controle e dados. Para o Brasil, o evento sublinha a vulnerabilidade econômica decorrente da dependência de infraestrutura tecnológica estrangeira centralizada.
À medida que avançamos para 2026, a lição é clara: a eficiência e a conveniência da centralização na nuvem cobraram seu preço em resiliência. A próxima fase da engenharia de internet deve priorizar a descentralização, a redundância agnóstica de fornecedor e a soberania operacional. Sem essas mudanças, o próximo “18 de novembro” não será uma questão de “se”, mas de “quando”, e suas consequências poderão ser ainda mais profundas.

