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Falha MongoBleed expõe 87 mil servidores MongoDB

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Uma vulnerabilidade crítica no banco de dados MongoDB, apelidada de MongoBleed e registrada como CVE-2025-14847, está sendo explorada ativamente por cibercriminosos e já expôs mais de 87 mil servidores conectados à internet. A falha, que recebeu pontuação de 8,7 na escala de severidade, permite que invasores obtenham informações sigilosas como credenciais, chaves API e dados pessoais sem autenticação prévia.

O que é a falha MongoBleed

A falha MongoBleed ocorre devido a um erro na forma como o MongoDB Server manipula pacotes de rede comprimidos com a biblioteca zlib. Segundo pesquisadores da Ox Security, o problema surge quando o servidor retorna a quantidade de memória alocada, em vez do tamanho real dos dados descompactados. Isso permite que mensagens malformadas causem o vazamento de conteúdo da memória do servidor — incluindo senhas, chaves AWS e informações identificáveis de usuários (PII).

Demonstração do exploit da falha MongoBleed em ação
Exploração da vulnerabilidade MongoBleed — fonte: Kevin Beaumont

O pesquisador Joe Desimone, da Elastic Security, publicou um exploit público como prova de conceito (PoC), demonstrando a facilidade com que o ataque pode ser realizado. Bastaria o IP de uma instância de MongoDB vulnerável para começar a extrair informações sensíveis diretamente da memória, segundo o analista de segurança Kevin Beaumont.

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Escala global da exposição

De acordo com a plataforma Censys, especializada em varreduras de dispositivos conectados à internet, há mais de 87 mil servidores MongoDB vulneráveis expostos publicamente. Os Estados Unidos lideram a lista, com quase 20 mil instâncias, seguidos pela China (17 mil) e Alemanha (8 mil). Essa ampla distribuição indica que tanto empresas privadas quanto órgãos públicos podem estar correndo riscos de vazamento em larga escala.

Mapa global dos servidores MongoDB vulneráveis
Mapa de distribuição dos servidores MongoDB vulneráveis — fonte: Censys

Exploração ativa e detecção

A empresa de segurança em nuvem Wiz relatou que 42% das instâncias visíveis na nuvem executam versões vulneráveis ao CVE-2025-14847. A equipe técnica confirmou a exploração ativa da falha e recomendou prioridade máxima na aplicação dos patches liberados. Ainda que não haja confirmação oficial, alguns hackers afirmam ter explorado a MongoBleed no ataque ao Rainbow Six Siege da Ubisoft.

“A simples existência de um IP vulnerável é o bastante para expor credenciais e segredos de sistemas corporativos,” alerta Eric Capuano, cofundador da Recon InfoSec.

Eric Capuano, especialista em resposta a incidentes

Capuano também publicou um método de detecção baseado em logs, identificando anomalias em conexões sem metadados. Com base neste estudo, Florian Roth desenvolveu o MongoBleed Detector, ferramenta capaz de analisar registros do MongoDB e identificar possíveis sinais de exploração.

A Exploração da Vulnerabilidade MongoBleed na Ubisoft

A vulnerabilidade crítica conhecida como MongoBleed (CVE-2025-14847) no MongoDB foi alegadamente explorada por hackers para invadir sistemas da Ubisoft, permitindo acesso não autenticado por cerca de 48 horas a mais de 900 GB de dados internos. Os atacantes teriam exfiltrado códigos-fonte de jogos desde os anos 1990 até projetos atuais, incluindo títulos em desenvolvimento e remakes, além de ferramentas como Uplay. Caso o resgate não seja pago, há ameaças de vazamento público desses materiais sensíveis, o que poderia comprometer seriamente futuros lançamentos da empresa. Essa informação circula amplamente na comunidade gamer a partir de relatos iniciais no X. O incidente destaca os riscos de instâncias de bancos de dados expostas sem autenticação adequada.

Atualizações e mitigações

A equipe do MongoDB liberou correções no dia 19 de dezembro de 2025, cobrindo versões de 4.4 a 8.2.3. Os administradores devem atualizar imediatamente para as versões seguras mais recentes (8.2.3, 8.0.17, 7.0.28, 6.0.27, 5.0.32 ou 4.4.30). Para quem não pode atualizar de forma imediata, é possível desativar a compressão zlib temporariamente — medida considerada paliativa.

  • Corrigir manualmente: Atualizar para uma das versões seguras listadas.
  • Usuários do MongoDB Atlas: Já receberam a atualização automática.
  • Alternativas seguras: Usar algoritmos de compressão Zstandard (Zstd) ou Snappy.

Impacto potencial e próximos passos

Com milhares de servidores comprometidos, o impacto do MongoBleed pode ser comparado a grandes incidentes de segurança anteriores, como o Log4Shell. A diferença é que, neste caso, o atacante não precisa de autenticação — ampliando o risco para sistemas internos e multicloud. Especialistas em segurança reforçam que o monitoramento pós-exploração é fundamental, já que patches não impedem que vazamentos anteriores continuem em uso pelos criminosos.

Perguntas frequentes

  1. O que é a vulnerabilidade MongoBleed CVE-2025-14847?

    É uma falha crítica no MongoDB que explora um erro na compressão de dados pela biblioteca zlib, permitindo o vazamento de informações sensíveis diretamente da memória do servidor.

  2. Quais versões do MongoDB são afetadas?

    Todas as versões entre MongoDB 4.4.0 e 8.2.2 estão suscetíveis ao ataque. A correção foi publicada em 19 de dezembro de 2025.

  3. Há como mitigar o problema sem atualizar o sistema?

    Sim, é possível desabilitar temporariamente a compressão zlib, mas essa é apenas uma solução paliativa. Recomenda-se fortemente a atualização para uma versão corrigida.

  4. Como verificar se um servidor foi comprometido?

    Ferramentas como o MongoBleed Detector podem auxiliar na análise de logs e na identificação de comportamentos suspeitos associados à exploração da falha.

Considerações finais

A falha MongoBleed (CVE-2025-14847) representa um dos maiores riscos recentes à segurança de bancos de dados corporativos, com potencial para afetar infraestruturas críticas em todo o mundo. Administradores devem agir rapidamente para aplicar os patches disponíveis, verificar logs e revisar políticas de autenticação. A resposta a incidentes deve envolver atualização, auditoria e monitoramento contínuo para evitar exposições futuras.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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