NoticiasInteligência ArtificialTecnologia

Google abre negociações de licenciamento com grupos de notícias

O Google iniciou negociações com cerca de 20 veículos de comunicação para um piloto de licenciamento de conteúdo relacionado a inteligência artificial (IA), medida que sinaliza uma reaproximação importante entre a gigante da tecnologia e o setor jornalístico. O movimento ocorre em meio à intensificação da concorrência no campo da IA, onde rivais como OpenAI e Perplexity AI já assumiram protagonismo ao fechar acordos de remuneração com editores para uso de notícias em chatbots e outros produtos digitais.

Piloto com 20 veículos marca nova fase nas relações

Segundo fontes ligadas ao setor, o projeto piloto do Google reunirá inicialmente cerca de 20 grandes veículos nacionais. O objetivo é estruturar modelos de licenciamento em produtos de IA, em um cenário em que empresas midiáticas enfrentam perda de audiência, queda de receitas publicitárias e pressão adicional causada pelos avanços dos sistemas generativos. Embora os detalhes do programa ainda não tenham sido divulgados, essa aproximação é considerada um passo estratégico para restabelecer laços com os publishers, historicamente abalados pela disputa em torno do uso do conteúdo jornalístico online.

Reação do setor e contexto de disputas por conteúdo

Editoras mundiais veem uma possível compensação do Google como essencial para sua sustentabilidade. Matthew Prince, CEO da Cloudflare, criticou anteriormente o comportamento da gigante de buscas, declarando: “O Google ainda acha que é especial e não precisa seguir as mesmas regras… Mas, com o tempo, terá que se alinhar ao que a indústria pede: pagamento justo pelo conteúdo”. A própria Cloudflare lançou um programa de ‘pagamento por rastreamento’, permitindo que criadores cobrem pelo uso de seus dados por IA.

Concorrência: OpenAI, Reddit e outros já têm acordos

Enquanto o Google mantinha postura cautelosa até então, rivais aceleraram suas iniciativas. OpenAI e Perplexity AI já remuneram editores, criando precedentes de receita neste novo cenário digital. O Google, por sua vez, firmou acordo com a Associated Press (AP) no início de 2025, autorizado a usar conteúdos noticiosos licenciados em seu chatbot Gemini e em experiências com áudio via inteligência artificial. Em 2024, firmou também parceria semelhante com o Reddit para indexação e uso do fórum em IA.

“Dissemos que estamos explorando e experimentando novos tipos de parcerias e experiências de produtos, mas não compartilhamos detalhes sobre planos ou conversas específicas neste momento.”

Porta-voz do Google

Tensões entre gigantes de tecnologia e jornalismo

O relacionamento entre empresas de tecnologia e publishers sempre foi pautado pela dependência do tráfego garantido pelo Google, ao mesmo tempo em que se intensificam críticas pelo uso extensivo do conteúdo jornalístico sem contrapartidas financeiras diretas. Diversos veículos apontam que os novos recursos de Visões Gerais de IA — respostas sintéticas e automáticas nos resultados de busca — reduzem o tráfego para os sites de origem, dificultando a monetização e colocando em risco a sustentabilidade do setor.

A resposta dos veículos e o futuro da compensação

Diante das ofertas de licenciamento e novas negociações, os veículos avaliam riscos e oportunidades, temendo que a restrição do acesso de robôs do Google prejudique ainda mais a visibilidade de seus conteúdos online. David Gehring, CEO da Distributed Media Lab e ex-parceiro do Google, ressalta: “O acesso irrestrito das plataformas está chegando ao fim. As empresas vão precisar de acordos para manter os motores de IA abastecidos — ou o fluxo de informações pode secar”. Já Danielle Coffey, presidente do grupo News/Media Alliance, afirma que o foco é garantir “um direito legalmente sustentável à compensação, assegurando trocas de mercado justas em todos os níveis”.

Impacto para o jornalismo e próximos passos

Embora as editoras estejam mais ativas na cobrança por remuneração, o resultado dessas negociações pode redesenhar a relação entre tecnologia e mídia. Para veículos, acordos de licenciamento representam não só receita extra, mas também reconhecimento do valor de seu trabalho para o desenvolvimento da IA. Para o Google, trata-se de ajustar-se às exigências do mercado e às novas políticas de acesso a dados — um movimento inevitável diante da pressão da concorrência e dos próprios criadores de conteúdo.

  • Google negocia com cerca de 20 veículos neste piloto.
  • OpenAI e Perplexity AI já remuneram publishers.
  • Recursos de IA geram impactos no tráfego dos sites jornalísticos.
  • Parcerias com AP e Reddit servem de precedente para novos acordos.
  • Exigência por compensação financeira cresce entre as editoras.

Perguntas Frequentes sobre licenciamento de conteúdo relacionado a inteligência artificial

  1. Por que o Google está negociando licenciamento de notícias?

    O Google busca fortalecer seu relacionamento com o setor jornalístico e atender à crescente demanda por remuneração ao usar conteúdo de veículos em suas ferramentas de IA. O objetivo é evitar perda de acesso a dados e construir modelos de colaboração, em meio à pressão de rivais e políticas de mercado. Especialistas avaliam a estratégia como um passo necessário na sustentabilidade das informações online.

  2. Quais empresas já têm acordos de licenciamento com editores?

    Além do Google, OpenAI e Perplexity AI firmaram parcerias com grandes veículos, pagando pelo uso de notícias em serviços de IA. O Google já tem acordos com AP e Reddit, embora negociações mais amplas estejam em andamento. Esses acordos marcam uma mudança significativa no modelo de negócios do setor de tecnologia e mídia.

  3. Como essas negociações impactam o jornalismo?

    Os acordos de licenciamento oferecem novas fontes de receita e reconhecimento ao trabalho jornalístico, além de pressionar empresas de tecnologia a valorizar mais o conteúdo autoral. Há preocupação, porém, sobre redução de tráfego e visibilidade, tema ainda em debate no setor. O equilíbrio entre exposição e remuneração segue em discussão.

  4. O que são as Visões Gerais de IA do Google?

    São resumos automáticos, gerados por IA, que aparecem no topo dos resultados de busca. Embora tragam praticidade ao usuário, têm causado polêmica por diminuir o clique em sites jornalísticos. Editoras avaliam estratégias para proteger seu conteúdo sem perder relevância nos resultados de buscas.

  5. As editoras podem optar por restringir acesso do Google?

    Sim. Veículos podem adotar ferramentas e políticas para restringir que robôs do Google acessem e usem seu conteúdo em IA. No entanto, a medida pode comprometer visibilidade e receitas, tornando os acordos a alternativa mais viável atualmente. Discussões sobre legislação e novas regras continuam em andamento.

Considerações finais

O projeto piloto de licenciamento do Google é uma resposta direta ao apelo do setor por maior reconhecimento e remuneração do conteúdo jornalístico no ecossistema digital. O sucesso dessas negociações pode ditar os rumos do acesso à informação e do futuro entre tecnologia e mídia. À medida que as empresas ajustam estratégias e políticas, a remuneração justa pelo conteúdo autoral se torna tema central para o equilíbrio entre inovação tecnológica e sustentabilidade do jornalismo.

fonte: Bloomberg

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile