Google nega que IA na busca esteja reduzindo tráfego de sites
Em comunicado oficial divulgado em 6 de agosto de 2025, o Google negou que seus novos recursos de busca com inteligência artificial (IA) estejam causando a queda do tráfego de websites. A afirmação foi feita após diversos relatórios apontarem perdas acentuadas para publishers nos últimos meses. Segundo a vice-presidente e chefe de Busca do Google, Liz Reid, o volume total de cliques orgânicos vindos do buscador para sites permanece “relativamente estável” em relação ao ano anterior, com ligeiro aumento na qualidade desses cliques. No entanto, a ausência de dados detalhados levanta dúvidas no setor editorial e alimenta o debate sobre o real impacto da IA no ecossistema digital.
Tabela de conteúdos
Posicionamento do Google: cliques e qualidade
O Google afirma que as mudanças recentes, como a introdução dos “AI Overviews” (resumos gerados por IA no topo dos resultados), não provocaram queda significativa no número de cliques enviados aos sites. Liz Reid destacou ainda que a qualidade média desses cliques aumentou: usuários tendem a engajar mais profundamente e passar mais tempo nos conteúdos acessados via respostas da IA, reduzindo o chamado bounce rate. Apesar das alegações positivas, a empresa não revelou métricas precisas para embasar sua posição, o que mantém o ceticismo dos publishers.

Mudança nos hábitos e concorrência de plataformas
O cenário de buscas na internet já vinha sofrendo alterações antes mesmo do avanço da IA. Dados internos do Google mostram que cada vez mais pessoas começam suas pesquisas em redes sociais como TikTok, Instagram ou fóruns online. Em 2022, executivos da empresa relataram que mais de 40% dos jovens preferem plataformas sociais para buscar recomendações, restaurantes ou tendências, em vez de usar o próprio Google Search ou o Maps. Além disso, plataformas como Amazon e Reddit vêm disputando espaço em buscas de compras ou tópicos especializados, levando o Google a adicionar filtros dedicados para resultados dessas comunidades, como o novo filtro “fóruns”.

A resposta dos publishers e novos dados do mercado
Contrariando o Google, estudos independentes indicam queda relevante no tráfego de portais de notícias e conteúdo. Relatório da Similarweb mostra aumento das buscas que não geram cliques para sites de notícias: de 56% em maio de 2024 para 69% em maio de 2025. Mesmo com o crescimento dos acessos por IA e chatbots — como o ChatGPT —, esses fluxos ainda não compensam a redução oriunda do Google. O crescimento dos chamados zero-clicks, situações em que o usuário encontra a resposta diretamente na busca, preocupa veículos dependentes de monetização via audiência online.

Novas estratégias e iniciativas do Google
Ciente das preocupações do setor, o Google lançou recentemente uma solução para ajudar publishers a monetizar seus conteúdos de formas além da publicidade tradicional, como micropagamentos e captação de assinantes. A empresa também defende que, com os AI Overviews, mais links aparecem nos resultados, abrindo oportunidades de exposição para diferentes sites. Ainda assim, especialistas alertam que o efeito real sobre o volume e a diversidade de audiência permanece obscuro, já que as mudanças fragmentam a origem dos acessos e aumentam a competição pelos cliques de qualidade.
Contexto histórico: busca, IA e futuro do tráfego web
O debate sobre o impacto da IA na busca ocorre em um momento mais amplo de transformação digital. Além de recursos conversacionais e resumos automáticos, a internet como um todo já experimentava fragmentação do tráfego por conta de redes sociais, apps e plataformas nichadas. Mesmo que a IA represente apenas parte do fenômeno, o movimento do Google de focar na “qualidade” dos cliques — em vez da quantidade — sinaliza uma mudança na lógica da mensuração do sucesso digital. Para publishers, essa virada exige rever estratégias de presença online, diversificar canais e buscar novas formas de engajamento e renda recorrente.
Considerações finais
Embora o Google negue que a IA na busca seja a principal culpada pela redução no tráfego de sites, a combinação de mudanças tecnológicas e novos hábitos de consumo está redesenhando o setor editorial online. Publishers precisam adaptar seus modelos diante de um cenário em que respostas automáticas, redes sociais e plataformas concorrentes disputam atenção e audiência. A transparência e o detalhamento dos dados por parte do Google serão cruciais para que o ecossistema digital se ajuste a essas tendências sem comprometer diversidade, pluralidade e sustentabilidade econômica.
O Google admite que sites perderam tráfego por IA?
Não de forma direta. O Google afirma que o tráfego orgânico total está estável, mas reconhece que há mudanças nos destinos dos acessos: alguns sites perdem e outros ganham audiência. Ou seja, admite variações pontuais mas nega que a IA seja a principal causadora de declínio generalizado.
As buscas por IA substituem o acesso aos sites de notícias?
Estudos apontam que o uso de AI Overviews e chatbots cresceu, mas não compensou a perda de tráfego dos sites. A incidência de buscas que resultam em zero cliques aumentou, prejudicando publishers dependentes de visitas vindas do Google.
Quais estratégias o Google propõe para os publishers?
Além de destacar mais links nos AI Overviews, o Google criou ferramentas para monetização alternativa, como micropagamentos e newsletters, para reduzir a dependência exclusiva da publicidade via tráfego vindo da busca.
Redes sociais estão impactando as buscas tradicionais?
Sim, pesquisas mostram que muitos usuários, especialmente jovens, preferem iniciar buscas em plataformas como TikTok, Instagram ou fóruns, reduzindo a relevância do Google como ponto de partida para toda pesquisa online.