Samsung investiga suborno em vendas de memória DDR5
Funcionários da Samsung Electronics estão sob investigação após relatos de que teriam recebido subornos para vender memórias DDR5 e chips NAND a determinados clientes, em meio à crise global de semicondutores. A denúncia surgiu no portal DigiTimes e foi repercutida por veículos como o Sammy Fans, levantando suspeitas de práticas irregulares dentro da divisão de fabricação de semicondutores da companhia.
Tabela de conteúdos
Escassez global e corrupção interna
A crise de suprimento que afeta a indústria de memórias DRAM e NAND desde 2024 intensificou a pressão sobre empresas de tecnologia em todo o mundo. A alta demanda por memórias HBM (High Bandwidth Memory) — essenciais para servidores de inteligência artificial — redirecionou a capacidade produtiva de fabricantes como Samsung e SK Hynix, deixando o mercado de DDR5 cada vez mais restrito.
O resultado foi um ambiente propício para práticas ilícitas. Segundo o DigiTimes, alguns colaboradores da Unidade de Semicondutores da Samsung em Taiwan teriam solicitado ou recebido vantagens indevidas de empresas dispostas a driblar a fila de espera por lotes de memórias DDR5. Com isso, clientes privilegiados teriam garantido acesso antecipado aos produtos — um cenário que a companhia descreve como “inaceitável” e que está sendo tratado com “tolerância zero”.
A resposta da Samsung
De acordo com fontes ouvidas pelo DigiTimes, a Samsung realizou uma auditoria interna envolvendo funcionários de diversos departamentos, buscando localizar e punir os envolvidos. Em comunicado interno, a multinacional teria afirmado que já tomou medidas disciplinares imediatas e reforçou seus protocolos de compliance corporativo para evitar episódios semelhantes.
“Vários empregados e distribuidores da Samsung Electronics em Taiwan estão envolvidos em práticas irregulares relacionadas a descontos. Após entrevistas internas e o cruzamento de relatórios de vendas, medidas foram aplicadas imediatamente em relação aos suspeitos.”
Fonte: DigiTimes
O impacto da Inteligência Artificial na crise
A explosão do mercado de IA generativa fez com que a Samsung e outras gigantes redirecionassem a maior parte de sua capacidade produtiva para atender fabricantes de placas aceleradoras, como NVIDIA e AMD. Essa mudança resultou em um desequilíbrio no fornecimento de memórias convencionais, como DDR5 e NAND, abrindo brechas para um mercado paralelo e práticas antiéticas dentro da cadeia.
Com os preços elevados e a disponibilidade limitada, empresas menores têm enfrentado dificuldade para manter operações, especialmente fabricantes de hardware de consumo e integradores de sistemas. O valor agregado de cada remessa de memória tornou-se um diferencial competitivo, incentivando a procura por meios irregulares de obtenção.
Precedentes e consequências
Esse não é o primeiro caso de escândalo corporativo ligado ao fornecimento de semicondutores. Grandes fabricantes já haviam enfrentado denúncias semelhantes em períodos de escassez, como na crise logística de 2021. A diferenciação agora é o efeito catalisador da IA generativa, que exacerba a desigualdade de acesso entre grandes e pequenos players.
Embora a Samsung tenha conseguido identificar e punir parte dos envolvidos, autoridades de Taiwan e da Coreia do Sul podem abrir investigações independentes sobre o caso. Se confirmadas as irregularidades, as consequências incluem desde rescisões contratuais até possíveis ações criminais por corrupção empresarial.
Crise de DDR5 pode se agravar em 2026
Projeções apontam que, até 2026, a indústria pode enfrentar uma nova queda na oferta de memórias DDR5, uma vez que fabricantes priorizam as linhas de alta largura de banda (HBM3E e HBM4). Isso impactará diretamente o mercado de notebooks e placas gráficas, que podem voltar a contar com apenas 8 GB de RAM como padrão de entrada, segundo especialistas do setor.
- NVIDIA pode reduzir em 40% a produção da série RTX 50.
- Fabricantes de notebooks já revisam fichas técnicas para conter custos.
- Chips NAND devem apresentar os maiores aumentos de preço desde 2022.
Em resposta, a Samsung anunciou que ampliará suas linhas de produção em Pyeongtaek e Xi’an, buscando estabilizar o fornecimento global até o final de 2026.
Reforço de governança e compliance
A gigante sul-coreana declarou que reforçará sua política de integridade e governança corporativa. O programa de compliance da Samsung passou a adotar auditorias contínuas, canais confidenciais de denúncia e revisão trimestral de contratos com fornecedores. “É fundamental restaurar a confiança e garantir a transparência da cadeia”, disse um porta-voz da companhia.
Considerações finais
O caso reforça como o desequilíbrio global na indústria de semicondutores cria situações-limite em que funcionários cedem à pressão de mercado. Ainda que a Samsung esteja atuando ativamente para corrigir e punir as irregularidades, o episódio serve de alerta para toda a cadeia de tecnologia. A transparência nas operações e o controle ético sobre a distribuição de componentes críticos serão determinantes para o futuro da indústria de chips.
Por que a Samsung está sob investigação?
A Samsung iniciou uma investigação interna após relatos de subornos pagos a funcionários para priorizar clientes na compra de memórias DDR5 e NAND, em meio à crise global de chips.
O que causou a escassez de memórias DDR5?
O aumento da demanda por memórias HBM voltadas à IA fez com que a produção de DDR5 e chips NAND caísse, afetando o mercado e gerando desequilíbrio entre oferta e procura.
A Samsung já resolveu o problema dos subornos?
A empresa declarou ter punido os envolvidos e reforçado sua política de compliance, além de implementar auditorias internas constantes para coibir novas práticas irregulares.
Como o caso afeta o mercado de tecnologia?
A restrição na produção de memórias DDR5 e o aumento da demanda podem elevar preços e atrasar lançamentos de hardware, afetando desde notebooks até placas gráficas.
Fonte: Sammy Fans

