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The Alters: estúdio remove textos gerados por IA após críticas

The Alters, jogo de sobrevivência espacial do estúdio polonês 11 bit Studios, viu-se no centro de uma polêmica sobre o uso de Inteligência Artificial logo após o lançamento em 30 de junho de 2025. Jogadores descobriram trechos de prompt de chatbot esquecidos em textos internos e nas legendas em português do Brasil e coreano. O estúdio confirmou o uso pontual de LLM como placeholder e prometeu remover todo o conteúdo gerado por IA em um hotfix nas próximas semanas. A controvérsia reacende o debate sobre transparência na utilização de GenAI em jogos, exigida pela Valve desde janeiro.

Como a falha de IA foi descoberta

Menos de 24 horas após o lançamento, usuários do fórum oficial e do subreddit r/TheAlters compartilharam capturas em que um texto de fundo incluía a frase “We’ve seen a wide range of accusations regarding the use of AI-generated content in The Alters…”. O trecho corresponde a uma típica resposta de chatbot, resultado provável de copiar e colar sem revisão. A partir daí, membros da comunidade iniciaram uma busca por outros indícios de IA nos arquivos do jogo.

A investigação ganhou fôlego quando o tradutor coreano Handong Ryu relatou, em seu LinkedIn, que localizou o mesmo prompt nas legendas em coreano. Jogadores brasileiros encontraram o texto idêntico na localização PT-BR, levantando suspeitas de que a equipe teria recorrido a tradução automática na reta final de desenvolvimento.

Pronunciamento oficial da 11 bit Studios

Pressionado pela repercussão, o estúdio publicou o comunicado abaixo no perfil oficial do jogo:

No texto, o estúdio afirma que:

  • Os trechos gerados por IA eram provisórios e deveriam ter sido substituídos antes do lançamento.
  • A presença do prompt se restringe a um único documento de lore, não afetando diálogos principais.
  • As traduções de filmes licenciados dentro do jogo recorreram temporariamente a LLMs por questões de prazo.
  • Um patch gratuito substituirá todas as linhas problemáticas e implementará traduções humanas revisadas.

Apesar das explicações, a comunidade questiona a ausência de um disclaimer na página da Steam, algo exigido pela plataforma desde janeiro de 2025 para qualquer título que contenha assets de GenAI.

Por que isso importa para jogadores e desenvolvedores

A adoção de IA generativa vem crescendo na indústria, mas também gera preocupações legítimas: qualidade, direitos autorais, demissões e falta de transparência. No caso de The Alters, três fatores acirraram o debate:

  • Confiança do consumidor: jogadores pagaram por um produto sem saber que parte do texto não era escrita nem revisada por humanos.
  • Conformidade com políticas: a regra da Valve obriga divulgações claras, e descumpri-la pode resultar em sanções.
  • Trabalho humano X IA: tradutores profissionais, como Ryu, defendem que a pressa não justifica substituir mão de obra qualificada sem aviso.

Mesmo com a avaliação “Muito Positiva” (91% de aprovação em mais de 6 000 reviews no Steam), o incidente mostra que a reputação de um estúdio pode ser abalada por detalhes aparentemente pequenos.

Casos semelhantes: uma tendência preocupante

The Alters não é caso isolado. Em fevereiro, a Activision foi flagrada vendendo cosméticos gerados por IA em Call of Duty sem aviso prévio. Também em junho, a Frontier Developments removeu retratos feitos por IA em Jurassic World Evolution 3 após críticas. A recorrência de incidentes sugere uma dificuldade estrutural da indústria em criar processos de QA capazes de identificar e substituir rapidamente assets temporários antes da publicação.

Próximos passos e impacto futuro

A 11 bit Studios garante que o hotfix com textos revisados chegará “em breve”. Caso cumpra a promessa, o dano à marca deve permanecer limitado. Contudo, especialistas veem o episódio como alerta para:

  • Revisão de pipelines: estúdios precisam de check-lists que incluam varreduras automáticas por frases típicas de IA.
  • Clareza contratual: tradutores e colaboradores externos devem ter prazos viáveis para evitar soluções de última hora.
  • Comunicação pró-ativa: mencionar o uso de IA na página do jogo pode evitar acusações de má-fé.

Para os jogadores, o caso reforça a importância de feedback coletivo: foi graças à observação minuciosa de fãs que o problema veio à tona. Já as plataformas, como a Valve, tendem a intensificar auditorias e exigir provas de que o conteúdo listado como “100% humano” realmente o seja.

Linha do tempo resumida da controvérsia

DataEvento
30/06/25Lançamento oficial de The Alters
01/07/25Jogadores encontram prompt de IA em texto interno
01/07/25Descoberta de prompt nas legendas PT-BR e KO
02/07/25Comunicado oficial no X/Twitter promete hotfix
(prev.) Julho 25Hotfix deve substituir todos os trechos gerados por IA

Conclusão

O deslize de 11 bit Studios é um lembrete de que, em 2025, IA generativa não é mais invisível. Qualquer resquício de prompt, texto sem contexto ou imagem com artefatos pode ser rastreado em minutos por comunidades engajadas. Transparência total não é apenas obrigação moral; é estratégia de gestão de crise. Enquanto The Alters continua a ser elogiado por sua narrativa de clones e decisões éticas, o estúdio corre para provar que o jogo, ironicamente, não precisa de “alterações” ocultas por IA para brilhar.

Perguntas frequentes sobre Polemica de The Alters com IA

  1. O jogo continuará com conteúdo gerado por IA?

    Não. A 11 bit Studios prometeu um hotfix que substituirá todos os trechos escritos por IA por versões revisadas por humanos.

  2. A falta de aviso na Steam viola regras da Valve?

    Sim. Desde janeiro de 2025, a Valve exige que qualquer uso de GenAI seja declarado. O estúdio deve atualizar a página ou arrisca sanções.

  3. Como identificar prompts de IA em jogos?

    Procure frases fora de contexto, instruções ao estilo ‘write a response’, erros de concordância e termos genéricos repetitivos, comuns a LLMs.

  4. Outras empresas já foram criticadas pelo mesmo motivo?

    Sim. Activision e Frontier Developments enfrentaram controvérsias recentes, removendo ou sinalizando assets gerados por IA após pressão da comunidade.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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