Tocanna: quem cria a boneca de IA fenômeno pop
Tocanna, boneca de IA criada pelo designer Gustavo Sali, virou fenômeno pop em 2025: alcançou 260 mil ouvintes no Spotify, 130 mil seguidores no TikTok e 190 mil no Instagram, com milhões de curtidas. A personagem inspirada em tucano ganhou fama com humor, músicas e polêmicas — e seu criador explica como tudo começou.
Tabela de conteúdos
Quem está por trás da Tocanna
A persona viral foi concebida em 2024 por Gustavo Sali, 25 anos, designer gráfico que passou a explorar ferramentas de inteligência artificial para testar novas linguagens visuais e sonoras. O pensamento inicial era simples: criar um personagem exagerado, bem-humorado e capaz de circular no universo pop sem pedir licença. Com a resposta do público, a brincadeira virou produto cultural.
“No começo era só meme, só pra rir mesmo. Mas conforme as pessoas começaram a levar a sério, virou pauta. Hoje é humor e música. Nada além disso.”
Gustavo Sali, criador da Tocanna, em contato com o Canaltech
Sali confirma que usa IA tanto para compor as faixas quanto para gerar as imagens da boneca, mas prefere não revelar as ferramentas específicas — segundo ele, pela ausência de parcerias formais com as empresas responsáveis. A estratégia de resguardar o pipeline criativo não impediu a ascensão meteórica do projeto.
Um tucano que virou diva pop
O visual de Tocanna remete imediatamente a um tucano: bico alongado, paleta em preto e branco e nome que nasce da junção de “tucano” com o sufixo pop “-nna”. A escolha não foi aleatória — tucanos são animais icônicos, carismáticos e visualmente marcantes, características que Sali traduziu em estética pop: cabelos, figurinos, presença de palco e uma atitude de estrela.
“Queria um nome curto, fácil de lembrar e com sonoridade pop. O tucano é naturalmente carismático; fazia sentido exagerar esse lado e transformar em cantora.”
Gustavo Sali
Para além do trocadilho, a construção visual funciona como identidade imediata nas timelines. Em poucos segundos, a audiência entende que se trata de uma diva surrealista, um avatar híbrido que bebe do humor de internet, do exagero performático e da cultura de memes.
Crescimento nas redes: datas, marcos e números
Tocanna estreou no TikTok em junho de 2024 e, em dezembro do mesmo ano, chegou ao Instagram. O estouro veio em 2025, quando a personagem atravessou nichos e passou a ser citada em festas e baladas, com DJs tocando seus mashups e paródias. O feed exibe apresentações fictícias em palcos como Grammy, The Town e Tiny Desk, além de colaborações imaginárias com estrelas como Billie Eilish — recursos cômicos que reforçam a persona “diva internacional”.
Métrica (set/2025) | Volume |
TikTok — seguidores | 130 mil+ |
TikTok — curtidas | 2,9 milhões+ |
Instagram — seguidores | 190 mil+ |
Spotify — ouvintes mensais | 260 mil+ |
Álbuns no Spotify | 8 |

Do meme às plataformas: música e polêmica
O projeto ultrapassou a bolha das redes e entrou nos players de música. Com oito álbuns no Spotify, Tocanna acumula repertório marcado por letras de teor sexual, em tom satírico e explícito — estética que ecoa o “proibidão” e a ironia de internet. O maior viral foi “São Paulo”, paródia de “Empire State of Mind” (2009), de Jay-Z e Alicia Keys. Escrito por Sali, o hit ganhou versos de humor escrachado, misturando crítica social e exagero pop.
“A intenção foi humor escrachado e, sim, teve crítica social. Mesmo assim, muita gente interpretou de outras formas — o que mostra a força do meme.”
Gustavo Sali
A faixa, que já somava mais de 640 mil reproduções, foi removida do Spotify após solicitação de Jay-Z, por uso de sample de “Empire State of Mind”. Sali reconhece a questão de direitos: cabe aos detentores da obra liberar ou não o uso do trecho. Sem autorização, o criador focou em novos lançamentos para manter o momento.
“A música usa sample; cabe a eles liberar. Se não liberar, paciência — temos outros projetos vindo com a Tocanna.”
Gustavo Sali
Como resposta, Tocanna ganhou o “SAMPA EP”, com versões de “São Paulo” em coreano, francês, espanhol e até uma leitura a capella — movimento que preserva a piada, explora sonoridades e contorna a limitação do sample.
Como a IA entra no processo criativo
A produção musical e a identidade visual de Tocanna nascem de um pipeline de IA controlado por Sali. Embora as ferramentas não sejam reveladas, o método combina geração de voz, arranjo e masterização com modelos de imagem para construir o look da personagem. A curadoria humana — escolha de referências, edição fina e direção de arte — é o filtro que mantém coerência e timing de meme.
- Conceito: exagero pop + sátira social + estética de meme;
- Produção: trilhas e vozes geradas/ajustadas por IA;
- Visual: imagens sintéticas com direção de arte consistente;
- Curadoria: edição humana, testes com público e iteratividade.
Linha do tempo e próximos passos
— Jun/2024: estreia no TikTok. — Dez/2024: debut no Instagram. — 2025: crescimento exponencial, presença em festas e viralização de “São Paulo”. Com a retirada do hit, o foco migra para EPs e versões multilíngues, reforçando a narrativa global de diva. A estratégia mira consistência: lançar, ouvir a comunidade, iterar. O objetivo é manter relevância e expandir colaborações — reais ou ficcionais — que sustentem o universo da personagem.
Contexto: criatividade, autoria e direitos
O caso de Tocanna cristaliza tensões da cultura digital em 2025: a rapidez com que avatares de IA ocupam espaço pop; a disputa por originalidade em obras derivadas; e o risco jurídico de samples não autorizados. Entre creators, cresce o debate sobre rotulagem de conteúdo sintético, repartição de receitas e políticas de plataformas. Tocanna ilustra um caminho possível: abraçar a estética do meme e, ao mesmo tempo, jogar com as regras do ecossistema.
- Autoria ampliada: IA como ferramenta, humano como diretor criativo;
- Direitos autorais: necessidade de clearance para samples;
- Plataformas: políticas de IA e moderação impactam lançamentos.
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Observação editorial: números e declarações foram informados pelo criador e checados no período de publicação. Dados de plataformas podem variar com o tempo.
Quem cria a Tocanna?
Resposta direta: A Tocanna é criada por Gustavo Sali. Expansão: Sali é designer gráfico que usa IA para compor músicas e gerar a identidade visual da boneca, misturando humor e cultura pop. Validação: Declarações do criador em entrevista ao Canaltech (2024–2025).
Por que o nome lembra um tucano?
Resposta direta: O nome junta ‘tucano’ com o sufixo pop ‘-nna’. Expansão: A personagem tem bico alongado e paleta preto e branco, inspiradas no tucano, para reforçar carisma e impacto visual. Validação: Explicação do criador sobre sonoridade pop e identidade marcante.
Por que a música ‘São Paulo’ saiu do Spotify?
Resposta direta: Foi retirada a pedido de Jay-Z por uso de sample. Expansão: A faixa parodiava ‘Empire State of Mind’ e usava trechos que exigem autorização dos detentores de direitos; sem clearance, a plataforma remove. Validação: Relato do criador e prática comum de copyright em samples.
Tocanna usa IA para cantar e aparecer nos vídeos?
Resposta direta: Sim, com curadoria e direção humanas. Expansão: O processo envolve modelos de voz e imagem para criar faixas e visuais; Sali edita, seleciona referências e finaliza. Validação: Informação do criador; ferramentas específicas não divulgadas por falta de parceria.
Quais os números atuais da Tocanna?
Resposta direta: Centenas de milhares de ouvintes e seguidores. Expansão: 260 mil+ ouvintes mensais no Spotify; 130 mil+ seguidores e 2,9 mi+ curtidas no TikTok; 190 mil+ no Instagram (set/2025). Validação: Dados reportados pelo criador e verificados à época.
Considerações finais
Tocanna é um estudo de caso sobre como personagens sintéticos, quando guiados por direção artística clara, podem furar a bolha e conquistar espaço real no pop. A persona acerta ao combinar identidade visual potente, humor compartilhável e uma trilha sonora que dialoga com a cultura de memes. A polêmica do sample expõe limites legais que creators de IA precisam observar; ao mesmo tempo, o “SAMPA EP” mostra adaptabilidade. Se mantiver consistência de lançamentos e leitura fina do público, a boneca de IA tem fôlego para seguir relevante — como ícone de uma cena em que a criatividade humana e a síntese algorítmica caminham juntas.