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Uso do ChatGPT para notícias cresce entre jovens no Brasil

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O uso do ChatGPT para notícias saltou para 15% entre brasileiros com menos de 25 anos em 2025, segundo o Digital News Report 2025. O relatório, publicado em 18 de junho, ouviu 97 mil pessoas em 47 países e mostra que os chatbots estão se consolidando como terceira fonte de informação no país, atrás apenas de TV e redes sociais. O avanço, que já dobra a média global (7%), sinaliza uma transformação na forma de consumo de conteúdo jornalístico e acende um alerta para veículos de mídia tradicionais.

O que diz o Digital News Report 2025

Publicada anualmente pelo Instituto Reuters de Jornalismo, a pesquisa traz um panorama global sobre hábitos de consumo de mídia. Na edição 2025, o Brasil aparece com 9% dos adultos usando inteligências artificiais como fonte de notícias — número que sobe para 15% no recorte de 18 a 24 anos. O ChatGPT lidera com 4% no mundo, seguido por Gemini (2%) e Meta AI (2%). Claude, Perplexity e Copilot ficam em torno de 1%.

Gráfico do Digital News Report 2025 mostra liderança do ChatGPT sobre outros chatbots
ChatGPT desponta como chatbot favorito para consumo de notícias. (Fonte: Reuters Institute)

Por que os jovens preferem IA a portais tradicionais?

  • Resumos relâmpago: algoritmos condensam textos extensos em poucos parágrafos, economizando tempo.
  • Tradução automática: notícias internacionais ficam acessíveis sem barreira de idioma.
  • Recomendações personalizadas: modelos preditivos sugerem pautas de acordo com interesses anteriores.
  • Interatividade: possibilidade de perguntar “e daí?” ou “como isso me afeta?” em tempo real.

Esses diferenciais se conectam ao estilo de vida multitarefa de quem nasceu no ecossistema das redes sociais. “A geração Z valoriza velocidade e diálogo. A IA entrega exatamente isso”, resume a pesquisadora Gabriela Lopes, doutora em Comunicação Digital pela USP.

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Impacto para veículos jornalísticos

Para redações, a ascensão dos chatbots é faca de dois gumes. Por um lado, há risco de perder tráfego direto quando o leitor obtém a resposta sem clicar no link original. Por outro, surge oportunidade de distribuir insights editoriais em canais até então inexplorados. “Veículos que estruturarem conteúdos otimizados para IA devem ganhar visibilidade entre esses novos leitores”, afirma Ricardo Tavares, consultor de SEO News.

“A lógica de busca mudou: agora o leitor pergunta ‘o que está acontecendo?’ e espera que a IA responda de forma dialogal. A redação precisa pensar em dados estruturados e linguagem clara.”

Ricardo Tavares, SEO News

Segundo Tavares, investir em marcações Schema, headlines objetivos e blocos de contexto ajuda o algoritmo a compreender e repassar a informação com fidelidade. A tendência acelera a adoção de Authoritative Engine Optimization (AEO), disciplina que mira IA’s generativas além dos buscadores tradicionais.

Riscos e desafios de confiar na IA

  • Alucinações: modelos podem fabricar fatos inexistentes.
  • Falta de transparência: critérios de seleção de fontes nem sempre são claros.
  • Viés algorítmico: preferências do usuário podem criar bolhas informacionais.
  • Monetização: redução de cliques ameaça o modelo de negócios baseado em anúncios.

Especialistas recomendam conferência cruzada com veículos de referência e checagem de URLs originais sugeridas pela IA. “A responsabilidade jornalística não pode ser terceirizada ao algoritmo”, adverte a ONG Repórteres sem Fronteiras em nota sobre o tema.

Como as redações podem se adaptar

  • Publicar sumários estruturados no início do texto (5W1H) para aumentar chance de snippet.
  • Adicionar dados verificáveis em tabelas e listas, facilitando a extração pela IA.
  • Oferecer conteúdo aprofundado que complemente o resumo fornecido pelo chatbot.
  • Apostar em parcerias com provedores de IA para licenciamento de conteúdo.

Veículos como Financial Times e Associated Press já monetizam feeds de API direcionados a sistemas de IA. No Brasil, Globo e Estadão testam rotulagem de artigos com metadados para controle de uso. O movimento indica que ignorar o fenômeno pode significar perder relevância em menos de cinco anos.

Contexto internacional: o Brasil se destaca

No ranking de adoção, o Brasil fica atrás apenas de Índia e Filipinas, países onde o celular é principal porta de entrada para internet. Em mercados mais maduros, como Alemanha e EUA, a parcela que recorre a IA para notícias oscila entre 4% e 6%. O recorte etário mostra padrão semelhante: na faixa de 18–24 anos, a diferença chega a triplicar.

Pesquisadores atribuem a discrepância ao custo de dados móveis e à cultura de mensageiros como WhatsApp, que acostumou brasileiros a interagir via texto. “O ChatGPT surge como amigo virtual que explica a pauta do dia”, resume Thiago Amorim, professor da UnB.

O que esperar nos próximos anos?

Com a chegada de modelos multimodais — capazes de processar texto, voz e vídeo — a tendência é que o consumo de notícias via IA se torne ainda mais intuitivo. Projeções da consultoria Gartner apontam que, até 2027, 30% do tempo gasto com notícias será mediado por assistentes inteligentes. Para os jovens brasileiros, que já lideram a adoção, isso pode significar uma virada completa no relacionamento com a imprensa.

Perguntas sobre o uso do ChatGPT para noticias

  1. O ChatGPT substitui portais de notícia?

    Em partes. A IA agiliza resumos e respostas rápidas, mas não elimina a necessidade de checar a fonte original para obter contexto amplo e dados completos.

  2. É seguro confiar em informações geradas por IA?

    Depende. Modelos podem cometer erros ou exibir vieses. Sempre verifique múltiplas fontes confiáveis antes de compartilhar dados sensíveis.

  3. Como melhorar a precisão das respostas do ChatGPT?

    Formule perguntas claras, cite fontes no prompt e solicite links de referência. Isso reduz a chance de alucinações e aumenta a qualidade da resposta.

  4. Veículos lucram quando a IA resume o conteúdo?

    Ainda não há modelo dominante. Algumas redações vendem licenças de API; outras negociam participação em receita de anúncios exibidos pelo chatbot.

Considerações finais

O crescimento do uso do ChatGPT para notícias entre jovens brasileiros não é moda passageira, mas sintoma de um ecossistema de informação que se reinventa em ritmo acelerado. Para o usuário, a vantagem está na rapidez e na personalização. Para o jornalismo, o desafio é manter a relevância e o modelo de negócio diante de algoritmos que intermediam a relação com o público. Quem souber equilibrar inovação tecnológica com rigor editorial sairá na frente na corrida pela atenção — bem antes que a próxima geração clique em “Perguntar para IA”.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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