Editoras Japonesas Criticam IA Sora 2 da OpenAI por Uso Indevido de Obras
Dezoito das maiores companhias japonesas do setor de anime e mangá uniram forças em 31 de outubro de 2025 para publicar uma declaração conjunta contra o uso do sistema de geração de vídeo e áudio baseado em inteligência artificial Sora 2, desenvolvido pela OpenAI. Segundo o comunicado, a ferramenta estaria produzindo conteúdos que se assemelham diretamente a obras protegidas por direitos autorais, sem consentimento dos criadores.
Tabela de conteúdos
Reação das empresas e alegações de violação de copyright
As editoras alegam que o sistema Sora 2 utilizou obras protegidas — incluindo artes e mangás — como dados de treinamento para aprendizado de máquina. Este tipo de prática, apontam, configura um risco direto de violação de copyright sob a legislação japonesa, que exige o consentimento explícito dos autores antes da utilização de suas criações.
Um dos fatores mais criticados é o modelo de funcionamento opt-out da OpenAI. Nesse sistema, toda e qualquer obra pode ser usada como material de aprendizado até que seus criadores solicitem a remoção — algo considerado inaceitável pelas empresas, que defendem o modelo opt-in (uso apenas mediante autorização).
Editoras Japonesas Criticam IA Sora 2: Quem assina o comunicado conjunto
Entre as 18 companhias que assinaram o documento estão nomes de peso da indústria, como Kodansha, Kadokawa, Shogakukan, Square Enix, Hakusensha e Futabasha. A lista também inclui editoras menores, como Akita Shoten, Ichijinsha, Coamix, Takeshobo e a Japan Cartoonists Association (Nihon Mangaka Kyokai). Juntas, essas empresas representam as principais forças por trás de alguns dos mangás e animes mais influentes do mundo.
CODA defende transparência e compensação
A Content Overseas Distribution Association (CODA), organização que atua na proteção dos direitos autorais de mídias japonesas no exterior, apoiou oficialmente a declaração. Segundo o texto, o objetivo é garantir tanto a transparência nos dados de treinamento utilizados pelo Sora 2 quanto a criação de um sistema justo de remuneração para os detentores de direitos.
Em nota, a CODA declarou que não é contrária ao avanço da tecnologia de inteligência artificial, mas exige que esse progresso ocorra em conformidade com os princípios éticos e legais. “O desenvolvimento saudável da IA só é possível quando há respeito pelos criadores humanos e suas contribuições culturais”, afirmou a associação.
Sora 2: o gerador de vídeo e áudio da OpenAI
Lançado em 30 de setembro de 2025, o Sora 2 é a segunda geração do sistema multimodal da OpenAI, capaz de gerar simultaneamente vídeo e áudio a partir de prompts de texto. A tecnologia rapidamente viralizou nas redes sociais por sua capacidade quase realista de replicar estilos artísticos e narrativos. Contudo, justamente essa fidelidade levantou preocupações entre ilustradores e editoras, que perceberam semelhanças diretas entre suas obras e o material gerado pela ferramenta.
Até o momento, a OpenAI não emitiu uma resposta formal à queixa. No entanto, fontes ligadas à indústria apontam que a empresa estuda formas de tornar seu sistema mais transparente, incluindo a possibilidade de divulgar listas de datasets utilizados.
Implicações para o futuro da IA criativa
Este episódio amplia uma discussão global sobre ética e IA generativa. No Japão, país com legislação rigorosa de propriedade intelectual, o caso pode abrir precedente importante para regular o uso de obras criativas em treinamentos de algoritmos. Já no Ocidente, debates similares envolvem artistas visuais e escritores preocupados com a apropriação indevida de conteúdo para alimentar plataformas de IA.
Especialistas em direito digital afirmam que a discussão não deve ser sobre proibir a tecnologia, mas sobre estabelecer limites jurídicos claros e mecanismos de compensação. Caso contrário, o valor da autoria humana pode ser comprometido em um ecossistema criativo cada vez mais dominado por modelos automatizados.
Editoras Japonesas Criticam IA Sora 2: Fontes e reações públicas
A nota oficial foi publicada por meio da CODA e divulgada pelas editoras em seus sites institucionais, incluindo Kodansha e Nihon Mangaka Kyokai. O site japonês Kai-You também destacou a amplitude do protesto, classificando-o como uma das ações coordenadas mais expressivas do mercado editorial nos últimos anos.
O que é o Sora 2 da OpenAI?
O Sora 2 é um sistema de inteligência artificial multimodal capaz de gerar vídeos e sons a partir de comandos de texto. Lançado em setembro de 2025, ele foi desenvolvido pela OpenAI e utiliza grandes volumes de dados para aprendizado de máquina, o que gerou polêmicas sobre uso indevido de obras criativas.
Por que as editoras japonesas estão criticando o Sora 2?
As editoras alegam que seus trabalhos foram usados no treinamento da IA sem permissão. Segundo elas, o modelo ‘opt-out’ permite violar direitos autorais, contrariando a legislação japonesa sobre obras protegidas.
O que a CODA pediu à OpenAI?
A Content Overseas Distribution Association solicitou que a OpenAI mude o sistema para ‘opt-in’, garanta transparência sobre os dados de treinamento e ofereça remuneração adequada aos detentores de direitos.
Qual é a importância desse caso para o mercado global de IA?
O caso pode criar precedentes legais sobre a responsabilidade de empresas de IA no uso de material protegido, influenciando legislações em outros países e o desenvolvimento ético de tecnologias generativas.
Considerações finais
A manifestação conjunta das editoras japonesas marca um ponto de inflexão na relação entre o avanço da IA generativa e a proteção da propriedade intelectual. Embora reconheçam o potencial transformador das tecnologias como o Sora 2, elas reforçam que inovação e respeito aos criadores precisam coexistir. O desfecho deste caso poderá definir os próximos passos da indústria criativa global frente à inteligência artificial.

