Black Hat 2025: como IA virou ameaça interna à segurança
O evento Black Hat 2025 destacou que as ferramentas de inteligência artificial já representam uma das maiores ameaças internas às empresas. Nas últimas semanas, ataques impulsionados por IA cresceram 136%, e, segundo relatório da CrowdStrike, agentes norte-coreanos infiltraram 320 empresas usando identidades geradas por IA. O risco de ransomware em menos de 24 horas também aumentou, elevando o patamar dos desafios de segurança digital no mundo corporativo.
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O que muda com a ascensão da IA nos ataques
No último ano, ferramentas de IA passaram do status de promessa para resultados concretos – tanto na defesa quanto nos ataques cibernéticos. Plataformas como CrowdStrike e Microsoft Defender ampliaram o uso de agentes autônomos (agentic AI), capazes de identificar, analisar e responder a ameaças em escala antes inimaginável. Desse modo, empresas conseguem reduzir tempo médio de investigação e responder mais rapidamente, mesmo diante de invasores que usam IA para escalar suas ofensivas.
Os novos métodos de ataque: de identidades sintéticas a deepfakes
A CrowdStrike identificou 28 operadores norte-coreanos, parte do grupo FAMOUS CHOLLIMA, contratados como trabalhadores remotos usando credenciais legítimas e identidades artificiais. Esses agentes empregam IA não só para simular perfis no LinkedIn e criar resumes, mas também para participar de entrevistas com deepfakes, responder perguntas e, uma vez contratados, executar tarefas de programação. Isso amplia o espectro de ameaças para áreas como recursos humanos, uma superfície antes pouco visada por ciberataques.

Evolução das ferramentas: agentes autônomos e código aberto
Grandes fornecedores, como Cisco e Microsoft, anunciaram modelos de IA projetados exclusivamente para segurança. O Foundation-sec-8B-Instruct, da Cisco, é o primeiro modelo conversacional open source exclusivo para cibersegurança, capaz de rodar em GPU única e superar soluções generalistas como o GPT-4o-mini em tarefas do setor. O modelo está livremente disponível, com guias de implementação pública. Por outro lado, a Microsoft aprimorou o Security Copilot, introduzindo investigações automáticas e integração entre ferramentas de proteção.

Rápida evolução do cenário: desafio à governança de IA
O aumento da confiança nas ferramentas de IA traz riscos: quanto mais organizações delegam tarefas de segurança a agentes autônomos sem verificação humana, maior a vulnerabilidade a ataques. A Cloud Security Alliance formou grupos de trabalho sobre padrões de segurança para IA, enquanto empresas como CrowdStrike e Cisco iniciaram iniciativas para governança, interoperabilidade e segurança na cadeia de fornecimento de IA, reconhecendo que proteger agentes autônomos é tão crítico quanto usá-los.
O papel fundamental do analista humano: Black Hat
Apesar dos avanços, um consenso emergiu: a IA potencializa, mas não substitui analistas humanos. Ferramentas como Splunk Mission Control usam agentes para automatizar tarefas repetitivas e entregar decisões complexas para revisão humana. Mesmo entusiastas da automação afirmam que supervisão e criatividade humanas são indispensáveis para enfrentar ameaças sofisticadas e imprevistas.
Competição por resultados, não apenas recursos
Vendedores tradicionais e big techs convergem para soluções que entregam não só funcionalidades, mas eficiência operacional e resultados mensuráveis. Google, IBM, Cisco e Microsoft apresentaram ferramentas capazes de correlacionar, investigar e responder automaticamente a alertas a partir de múltiplas fontes de dados, incluindo integrações com ferramentas de parceiros e sistemas legados.
Perspectiva: IA como nova ameaça interna
Meyers, da CrowdStrike, alertou durante o evento: “A IA será a próxima ameaça interna. As organizações confiam implicitamente nessas inteligências para automatizar tarefas, e quanto mais confortáveis ficam, menos tendem a revisar os resultados.” O ritmo acelerado da inovação, aliado à sofisticação dos ataques, faz com que empresas não possam esperar por soluções perfeitas. Agilidade e cultura de revisão constante tornam-se diferenciais críticos de sobrevivência institucional.
Considerações finais sobre Black Hat 2025
O Black Hat 2025 marca um divisor de águas na segurança cibernética. Com IA ampliando tanto a defesa quanto o ataque, o fator humano torna-se ainda mais valioso na identificação de riscos que as máquinas ainda não detectam. Empresas precisam equilibrar automação, revisão humana e governança para proteger seu IP, reputação e a confiança dos clientes no cenário digital do futuro.
O que é IA agentic e por que ela importa na segurança?
IA agentic são sistemas autônomos capazes de tomar decisões e executar tarefas automaticamente, otimizando processos de segurança. Elas importam porque ampliam tanto o potencial de defesa quanto, se comprometidas, o risco de ataques internos sofisticados. O equilíbrio entre automação e supervisão humana é peça central do debate em 2025.
Como empresas podem se proteger da ameaça interna de IA?
Empresas devem auditar regularmente os outputs das IAs, implementar governança rigorosa e promover capacitação dos analistas para revisão crítica das decisões automatizadas. Investir em ferramentas de monitoramento e integrar equipes humanas e sistemas inteligentes é estratégia recomendada por especialistas após o Black Hat 2025.
Quais grandes ataques computados por IA aconteceram em 2025?
O grupo FAMOUS CHOLLIMA, ligado à Coreia do Norte, infiltrou 320 empresas usando IA para criar identidades, participar de entrevistas simuladas e executar atividades depois de contratados. Isso ampliou o risco e inovou nos métodos de ataque, exigindo novas respostas das equipes de segurança cibernética.
IA irá substituir analistas humanos em segurança digital?
Especialistas são unânimes que não: IAs ampliam capacidade operacional, mas criatividade, senso crítico e capacidade de adaptação dos humanos seguem essenciais para lidar com ameaças inéditas e sofisticadas. A tendência atual é de parceria homem-máquina, e não substituição.