Microsoft aposenta o PowerShell 2.0 no Windows 11
PowerShell 2.0 será removido do Windows 11, confirmou a Microsoft em 03/07/2025. A decisão põe fim a 16 anos de suporte a uma versão que chegou com o Windows 7, mas que, agora, representa riscos de segurança e barreiras à inovação.
O anúncio veio pela build 27891 do canal Canary do Windows Insider. A empresa indicou que trará detalhes adicionais — inclusive sobre a transição em ambientes corporativos — nos próximos meses.
Por que o PowerShell 2.0 resistiu por tanto tempo?
Lançado em agosto de 2009, o PowerShell 2.0 foi celebrado por oferecer um ambiente de automação robusto para administradores, superando limitações do command.com, CMD e Windows Script Host. Entretanto, ele continuou instalado lado a lado com versões mais recentes — como a 5.1 (2016) — para garantir compatibilidade reversa com:
- Aplicações corporativas legadas, incluindo versões antigas do SQL Server;
- Scripts de instalação e manutenção escritos antes de 2010;
- Soluções de terceiros que validavam especificamente a versão 2.
A própria Microsoft admitiu, em post oficial de 2017, que remover o executável só seria possível quando todas as dependências fossem mitigadas. O ciclo finalmente se fecha com a maturidade da linha PowerShell 7, baseada em .NET 7, e com políticas de segurança mais rígidas no Windows 11.
O que muda para administradores e scripts legados?
Na prática, o binário powershell.exe
da versão 2 deixará de ser instalado por padrão — e, em um próximo feature update, desaparecerá completamente. Scripts que especificam -Version 2
ou usam sintaxe obsoleta podem:
- Falhar na execução por incompatibilidade de cmdlets;
- Gerar exceções de módulo devido a APIs removidas;
- Exigir refatoração para aproveitar recursos modernos (pipeline avançado, classes, restrição de escopo etc.).
Especialistas recomendam um inventário rápido dos scripts e a execução do Test-ScriptFileInfo
para detectar dependências. Em organizações grandes, vale ativar políticas de execução que bloqueiem explicitamente scripts antigos, reduzindo a superfície de ataque.
Alternativas recomendadas: PowerShell 5.1 e PowerShell 7
A versão 5.1, ainda mantida no Windows 10/11, oferece compatibilidade razoável com scripts 2.x, mas já inclui:
- Suporte nativo a classes e módulos DSC;
- Cmdlets
Get-FileHash
eGet-Clipboard
; - Política de transcrição aprimorada para auditoria.
Para novos projetos, a recomendação é partir para o PowerShell 7.x, multiplataforma, com performance superior e base no .NET LTS. Ele pode conviver com 5.1 sem conflitos, facilitando a migração gradual.
Impacto nos servidores Windows e cronograma futuro
Embora o anúncio de remoção foque o Windows 11, o PowerShell 2.0 já era deprecated no Windows Server desde 2018. A Microsoft, porém, não divulgou ainda uma data de corte para as edições Server 2022/2019. Analistas preveem que o binário seja eliminado até o ciclo de suporte estendido de 2026, em sincronia com a estratégia Cloud First de Redmond.
“A remoção do PowerShell 2.0 é menos sobre nostalgia e mais sobre reduzir attack surface e adotar práticas modernas de DevSecOps”, explica Fernanda Costa, MVP em Cloud & Datacenter Management.
Fernanda Costa, Microsoft MVP
Como identificar e atualizar seus scripts
- Mapeie o legado — Use
Get-ChildItem -Recurse *.ps1
para localizar scripts; exporte resultados para CSV. - Valide versão — Adicione
$PSVersionTable.PSVersion
em cabeçalhos para detectar execução em 2.0. - Execute testes — Rode os scripts em um contêiner Windows Sandbox com PowerShell 7.
- Refatore gradualmente — Substitua cmdlets obsoletos por equivalentes modernos (
Invoke-WebRequest
,Compress-Archive
). - Automatize CI/CD — Integre testes de script no Azure DevOps ou GitHub Actions.
Linha do tempo do PowerShell: 2006 → 2025
Ano | Versão | Destaques |
---|---|---|
2006 | 1.0 | Primeiro release, Windows XP/Server 2003 |
2009 | 2.0 | Remoting, BackgroundJob , integração com .NET 2.0 |
2013 | 4.0 | Desired State Configuration (DSC) |
2016 | 5.1 | Classes, cmdlets de segurança, Nano Server |
2020 | 7.0 | Open-source, multiplataforma, .NET Core |
2025 | 7.5* (preview) | Novo pipeline nativo de JSON e AVX-512 |
*Versão em desenvolvimento no momento da publicação.
Perspectivas: segurança, automação e futuro da CLI
A descontinuação de software legado costuma gerar desconforto, mas, neste caso, traz benefícios tangíveis: cada componente obsoleto removido reduz vulnerabilidades exploráveis por ransomwares e malware loaders. Além disso, ao padronizar a base instalada em 5.1+ e 7.x, a Microsoft simplifica o CI/CD de módulos PowerShell Gallery.
Para os profissionais que ainda não migraram, a jornada serve como alerta: tecnologias de automação devem ser vistas como código, sujeitas ao mesmo ciclo de vida de qualquer aplicação.
Perguntas frequentes sobre o PowerShell 2.0
O PowerShell 2.0 será removido de todas as edições do Windows 11?
Sim. A Microsoft informou que a remoção ocorrerá em uma futura atualização cumulativa de todas as edições do Windows 11, inclusive Home, Pro e Enterprise. Não há exigência de ação do usuário além de manter o sistema atualizado.
Meus scripts vão parar de funcionar?
Somente se utilizarem sintaxe ou cmdlets depreciados exclusivos da versão 2.0. Scripts compatíveis com 5.1 ou 7 continuarão operando. Recomendamos testes prévios em ambiente de homologação.
Posso reinstalar o PowerShell 2.0 manualmente?
Não. Diferente de versões anteriores removidas via recurso opcional, o binário será excluído e não oferecido no Windows Features. A única solução seria manter VM legada, sem suporte oficial.
O Windows Server também perderá o 2.0?
Ainda não há data confirmada. Contudo, a Microsoft já declarou que o componente está depreciado nas versões Server. Organizações devem preparar a migração antes do fim do suporte estendido.
Qual versão devo usar em novos projetos?
O PowerShell 7.x é a escolha recomendada. Ele é open-source, multiplataforma e recebe atualizações mensais. Caso exista dependência de módulos Windows-only, mantenha 5.1 em paralelo.
Considerações finais
O adeus ao PowerShell 2.0 sela um capítulo importante da automação no ecossistema Windows. Para alguns administradores, é o fim de uma era; para a comunidade de segurança, motivo de celebração. A história mostra que a evolução do PowerShell reflete a própria transformação da TI: de scripts de gueto a pipelines complexos que alimentam nuvens híbridas. Prepare-se, porque o próximo comando sempre virá.