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Cloudflare pressiona Google: bloquear IA sem perder SEO

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São Francisco, 10 de julho de 2025 — A Cloudflare lançou um plano para bloquear rastreadores de IA do Google sem comprometer a visibilidade orgânica tradicional, medida que pode redesenhar o equilíbrio entre criadores de conteúdo e gigantes da inteligência artificial para bloquear IA sem perder SEO.

Em conversa pública na rede X (antigo Twitter), o CEO Matthew Prince confirmou que o bot Gemini — responsável por alimentar os recursos generativos do Google — está bloqueado por padrão na nova configuração da companhia. Ao mesmo tempo, os robôs de indexação clássicos (Googlebot) continuam liberados, preservando o tráfego de busca que sustenta milhões de sites. Caso o Google não ofereça uma forma oficial de separar os dois fluxos, Prince prevê que leis anti-bot poderão se tornar inevitáveis.

Por que isso importa agora?

A ascensão da chamada Zero Click Internet — em que respostas prontas aparecem no topo da SERP e eliminam a necessidade de visitar a página de origem — ameaça o modelo de negócios baseado em anúncios, paywall ou assinaturas. Para proprietários de sites, permitir que modelos de IA coletem e reproduzam seu conteúdo sem remuneração significa contribuir para a própria irrelevância financeira. A Cloudflare, que entrega mais de 20% do tráfego global, decidiu agir antes que o problema se torne estrutural.

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Como funciona o sistema “pay-per-crawl”

  • Identificação granular – O WAF (Web Application Firewall) da Cloudflare diferencia Googlebot, Bingbot, Baidu, Gemini e afins.
  • Bloqueio seletivo – Bots de IA podem ser rejeitados por 403 Forbidden, enquanto indexadores tradicionais recebem 200 OK.
  • Negociação de tarifas – Empresas de IA podem pagar por milhão de URLs rastreadas; sites recebem crédito proporcional.
  • Relatórios em tempo real – Painel mostra consumo de banda, taxa de scraping e potenciais violações.

“Não somos contra a indexação de conteúdo para a pesquisa tradicional. Somos contra o uso gratuito e indiscriminado para treinar modelos que tiram o usuário do nosso site.”

Matthew Prince, CEO da Cloudflare

Tweets que desencadearam o debate

Abaixo, as publicações originais de Prince que colocaram lenha na fogueira:

O que o Google diz?

Até o momento desta publicação, o Google não comentou publicamente a proposta de separação. Internamente, engenheiros afirmam que o processo “não é trivial”, pois Gemini e Search compartilham parte da infraestrutura de rastreamento. Especialistas externos discordam: mudanças no User-Agent e nos IP ranges seriam suficientes para diferenciar o tráfego. De qualquer forma, a gigante de Mountain View enfrenta pressão adicional na União Europeia, onde editores protocolaram queixa antitruste contra o AI Overviews.

bloquear IA sem perder SEO: logo da cloudflare
O tráfego de bots de IA já representa até 45 % das requisições em alguns grandes portais, segundo a Cloudflare.

Cenário jurídico: leis anti-bot à vista?

Nos Estados Unidos, não há legislação federal que obrigue a separação de rastreadores. Porém, projetos como o AI Data Transparency Act circulam no Congresso desde 2024. Na Europa, o AI Act já define obrigações de “documentação de datasets” que podem, na prática, forçar essa distinção. Caso Google, OpenAI e outros players ignorem a pressão voluntária, governos poderão:

  • Impor multas diárias por scraping não consentido;
  • Obrigar a publicação de listas de IPs de IA para bloqueio fácil;
  • Exigir acordos de licenciamento com produtores de conteúdo.

Impacto para criadores e usuários

Para pequenos sites de notícias, a novidade pode significar redução de custos de banda — bots de IA costumam gerar até 30× mais requisições do que usuários humanos. Já o leitor final tende a receber menos respostas copiadas em ferramentas de IA e a visitar diretamente a fonte, restaurando parte do modelo de negócios da web aberta.

Pontos-chave

  • Cloudflare bloqueia Gemini por padrão, mas mantém Googlebot.
  • Solução “pay-per-crawl” prevê cobrança por milhão de URLs.
  • CEO pede separação oficial entre IA e Busca — voluntária ou via lei.

Possíveis próximos passos

1. Negociação bilateral – Google poderia adotar header Google-Generative-IA para facilitar bloqueio.
2. Adesão de outras CDN – Akamai, Fastly e Amazon CloudFront estudam modelos semelhantes.
3. Legislação emergente – Caso não haja acordo, parlamentos podem agir ainda em 2025.
4. Reação das startups de IA – Modelos open-source podem buscar fontes alternativas, incluindo dados sintéticos.

  1. É possível bloquear o Gemini sem afetar o Googlebot?

    Sim. Basta filtrar o User-Agent específico do Gemini e manter liberados os IPs do Googlebot tradicional. A Cloudflare promete simplificar esse processo no painel WAF.

  2. O pay-per-crawl vai gerar receita para meu site?

    Inicialmente, a cobrança é direcionada às empresas de IA, não aos editores. A Cloudflare estuda repassar parte dos valores conforme o volume de páginas rastreadas.

  3. Bloquear IA prejudica meu ranking de busca?

    Se a separação for bem feita, não. O objetivo é impedir apenas a coleta para treinamento de modelos, mantendo a indexação usada pelo ranking do Google.

  4. Existe lei que obrigue essa separação?

    Ainda não nos EUA, mas a União Europeia debate normas semelhantes. Projetos federais como o AI Data Transparency Act ganham força.

Considerações finais sobre bloquear IA sem perder SEO

A Cloudflare transformou o incômodo silencioso de editores em um movimento estruturado contra o scraping sem contrapartida. Se o Google cooperar, a web pode encontrar um novo ponto de equilíbrio entre abertura e sustentabilidade financeira. Caso contrário, a batalha migrará dos cabeçalhos HTTP para os tribunais — e possivelmente para o Congresso. O relógio está correndo.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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