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Penske Media processa Google por resumos de IA

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Penske Media Corporation (dona de Rolling Stone, Billboard e Variety) processou o Google/Alphabet nos EUA em 14 set 2025, alegando abuso de monopólio ao exibir resumos de IA (AI Overviews) que reduzem o tráfego aos seus sites e usam conteúdo sem consentimento. A ação diz que o Google condiciona a indexação a autorizar o reaproveitamento de conteúdo em respostas de IA e para treinamento de modelos.

O Google refuta e afirma que as AI Overviews tornam a busca mais útil e ampliam a diversidade de destinos. A disputa que gera que Penske Media processa o Google expõe a troca “acesso por tráfego” que sustentou a web aberta e pode redefinir a relação entre plataformas e publishers.

Penske Media e o Google: O que a ação judicial alega

O centro da queixa é que o Google, ao lançar e expandir as AI Overviews, teria passado a “amarrar” (tying) a indexação orgânica — essencial à descoberta — ao fornecimento do conteúdo para outras utilizações não consentidas, como resumos gerados por IA na própria página de resultados e treinamento dos seus modelos. Segundo a PMC, a opção real de “opt-out” seria sair completamente do Google, medida que classifica como “devastadora” para qualquer veículo de mídia que dependa de descoberta via busca.

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A empresa afirma ainda ter observado quedas significativas de cliques vindos do Google desde o início do rollout das AI Overviews, afetando não só a receita publicitária, mas também assinaturas e comissões de afiliados — já que essas fontes dependem da visita efetiva aos sites. A PMC sustenta que a “barganha fundamental” da web comercial aberta sempre foi “acesso por tráfego”: crawlers indexam páginas e, em troca, os publishers recebem visitas que financiam a produção jornalística.

“Como publisher global, temos o dever de proteger nossos jornalistas e o jornalismo premiado como fonte de verdade. Também precisamos lutar pelo futuro da mídia digital e por sua integridade — tudo isso ameaçado pelas ações atuais do Google.”

Jay Penske, CEO da Penske Media

O que diz o Google

Em resposta, o Google declarou que as AI Overviews tornam a busca “mais útil” e criam “novas oportunidades de descoberta” para o conteúdo de terceiros. A empresa afirma enviar bilhões de cliques diariamente para sites e sustenta que as respostas de IA estariam ampliando a diversidade de destinos, em vez de reduzi-la. O Google classificou as acusações como sem mérito e prometeu se defender no processo.

“Todos os dias, o Google envia bilhões de cliques para sites na web, e as AI Overviews direcionam tráfego a uma diversidade maior de fontes. Defenderemos estas alegações sem mérito.”

José Castañeda, porta-voz do Google

Por que isso importa para o jornalismo e os publishers

Resumos de IA posicionados no topo das páginas de resultados podem “satisfazer” pesquisas sem que o usuário clique no link de origem, comprimindo a audiência e, por consequência, a monetização do conteúdo. Quando esse efeito se generaliza, a sustentabilidade da produção jornalística é pressionada. A questão transcende a Penske Media: editores de diferentes portes temem ver deslocada a linha de base do tráfego orgânico e a relação de dependência com grandes plataformas se intensificar.

  • Redução potencial de cliques vindos da busca orgânica
  • Pressão sobre CPMs e receita de publicidade display
  • Queda em cadastros, paywalls e assinaturas digitais
  • Menor geração de receita de afiliados e comércio
  • Risco de menor diversidade de fontes consultadas pelo público

Para a indústria, a pergunta-chave é: como equilibrar respostas rápidas em busca com a preservação do ecossistema que produz informação verificada? Esse equilíbrio passa por políticas de indexação, atributos de controle de conteúdo (como metatags), negociações setoriais e eventuais medidas regulatórias, além da transparência sobre como as respostas de IA são construídas e quando substituem cliques em resultados editoriais.

Como chegamos aqui: AI Overviews e a troca “acesso por tráfego”

Desde 2024, as AI Overviews vêm sendo criticadas por ameaçar modelos econômicos dos mesmos veículos cujos conteúdos ajudam a garantir a acurácia das respostas. A PMC contextualiza que, por décadas, a indexação ocorreu sob um “contrato social” implícito: publishers deixam rastreadores acessarem suas páginas e, em contrapartida, recebem tráfego de retorno. A tese da ação é que o Google tornou a indexação condicional à cessão de usos adicionais que canibalizam esse retorno.

Definição — AI Overviews: blocos de resposta gerados por modelos de IA do Google que sintetizam informações de múltiplas fontes diretamente na SERP (página de resultados), frequentemente acima dos links orgânicos. Podem incluir citações/links, mas reduzem a necessidade de o usuário visitar as páginas originais.

PontoPMCGoogle
Índice + uso de conteúdoIndexação condicionada a ceder conteúdo para resumos/treinoBusca mais útil e mais oportunidades de descoberta
Impacto no tráfegoQuedas significativas de cliques e receitaEnvia bilhões de cliques; diversidade maior de fontes
Concorrência/monopólioAbuso de posição dominanteRejeita as acusações

O processo da PMC chega pouco depois de um julgamento antitruste em que o Google foi considerado responsável por manter ilegalmente o monopólio na busca — mas sem ordem de desmembramento, em parte pelo avanço da concorrência em IA. Paralelamente, publishers e autores processam outras empresas de IA por questões de direitos autorais e uso de dados de treinamento. A ação contra o Google, porém, foca no efeito competitivo das respostas de IA dentro da própria busca e no suposto tying entre indexação e reutilização de conteúdo.

  • Fatos recentes: decisão antitruste sem quebra estrutural do Google
  • Litígios correlatos: autores e veículos vs. empresas de IA
  • Tema central: equilíbrio entre inovação em busca e competição justa

Possíveis desdobramentos e o que observar

Três frentes devem orientar os próximos meses. Primeiro, o próprio mérito do caso: o tribunal avaliará se houve abuso de posição dominante e condicionamento anticompetitivo. Segundo, as métricas: dados auditáveis sobre tráfego antes/depois das AI Overviews podem orientar decisões e eventuais remédios. Terceiro, a governança: sinalizações regulatórias nos EUA e em outros mercados (como UE) podem influenciar políticas de indexação, opt-outs granulados e modelos de licenciamento/remuneração para uso em IA.

  • Métricas transparentes de impacto no tráfego orgânico
  • Controles de participação em resumos de IA por página/seção
  • Modelos de licenciamento e partilha de receita
  • Clareza sobre fontes, links e responsabilidade por erros

Pontos-chave sobre Penske Media processa o Google

  • PMC acusa o Google de usar conteúdo para resumos/treino sem consentimento efetivo
  • Google afirma que AI Overviews ampliam a utilidade e a descoberta
  • Publisher aponta queda de cliques e risco a receitas essenciais
  • Caso pode balizar regras para IA em busca e relacionamento com a mídia

Transparência e fontes

As informações desta matéria se baseiam em comunicado e alegações da Penske Media Corporation, nas declarações do porta-voz do Google e na cobertura original do TechCrunch (Anthony Ha, 14/09/2025). Leia mais em: TechCrunch. Contexto adicional sobre AI Overviews e o julgamento antitruste do Google pode ser consultado nas reportagens do TechCrunch citadas no artigo.

  1. O que a PMC está alegando contra o Google?

    Resposta direta: A PMC diz que o Google condiciona a indexação ao uso do conteúdo em resumos de IA e para treinar modelos. Expansão: Segundo a ação, essa prática canibaliza visitas ao originador, reduz receitas e força publishers a aceitarem termos que não desejam para permanecer descobertos na busca. Validação: A queixa cita quedas de cliques pós-AI Overviews e descreve o arranjo como abuso de monopólio.

  2. Como o Google responde às acusações?

    Resposta direta: O Google afirma que as AI Overviews tornam a busca mais útil e ampliam a descoberta. Expansão: A empresa sustenta enviar bilhões de cliques diários e diz que as respostas de IA levam tráfego a uma diversidade maior de sites. Validação: A companhia considera as alegações sem mérito e promete se defender no tribunal.

  3. Qual é o impacto alegado nas receitas dos publishers?

    Resposta direta: Menos cliques significam menos receita publicitária, assinaturas e afiliados. Expansão: Sem visitas, há queda em exibição de anúncios, conversões em paywalls e vendas por links de afiliados, pilares que sustentam redações. Validação: A PMC reporta quedas significativas após o rollout das AI Overviews, sem números detalhados públicos.

  4. O que são as AI Overviews do Google?

    Resposta direta: São respostas de IA que sintetizam conteúdos direto na página de resultados. Expansão: Elas agregam informações de múltiplas fontes, podem citar links e, muitas vezes, aparecem acima dos resultados orgânicos, reduzindo a necessidade de cliques. Validação: O recurso vem sendo expandido desde 2024 e já gerou críticas no setor.

  5. O que pode acontecer a seguir?

    Resposta direta: O caso pode definir regras para IA na busca e para o uso de conteúdo. Expansão: O tribunal avaliará abuso de domínio e condicionamento; dados de tráfego e medidas regulatórias podem levar a opt-outs granulares, licenciamento e transparência maior. Validação: O cenário se conecta a ações antitruste e disputas de direitos autorais em IA.

Considerações finais

O confronto entre a Penske Media e o Google condensa um dilema maior da internet: como promover respostas rápidas e inteligentes sem enfraquecer o sustento de quem produz informação confiável. Se a justiça considerar que houve abuso e tying anticompetitivo, o caso pode forçar alterações nas políticas de indexação e no uso de conteúdo em IA. Mesmo sem decisão imediata, a pressão por métricas auditáveis, opt-outs mais claros e modelos de remuneração tende a crescer — e o resultado poderá redefinir a balança entre plataformas e publishers nos próximos anos.

Atualizado: 14 set 2025, 09h20 (PDT) — incluída a declaração do CEO Jay Penske.

Diogo Fernando

Apaixonado por tecnologia e cultura pop, programo para resolver problemas e transformar vidas. Empreendedor e geek, busco novas ideias e desafios. Acredito na tecnologia como superpoder do século XXI.

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