Universal Pictures ameaça processar Big Tech por uso de filmes em IA
A Universal Pictures implementou avisos legais em seus filmes para proibir explicitamente o uso de suas obras no treinamento de sistemas de inteligência artificial (IA), sinalizando uma ofensiva contra grandes empresas de tecnologia. A medida, que entrou em vigor em junho de 2025, visa proteger a propriedade intelectual da Universal diante do avanço da IA generativa e da ameaça crescente de pirataria de conteúdos para alimentar algoritmos sem licenciamento. O estúdio alerta: quem violar essa regra poderá ser alvo de processos multimilionários por infração de direitos autorais.
Tabela de conteúdos
Entenda a nova política legal da Universal Pictures
Desde o lançamento de “Como Treinar o Seu Dragão” em junho de 2025, a Universal passou a incluir nos créditos finais de seus filmes o aviso de que seus títulos “não podem ser usados para treinar IA”. Essa mensagem, também presente nos lançamentos “Jurassic World Rebirth” e “Bad Guys 2”, reforça que a duplicação, distribuição ou exibição não autorizadas acarretam responsabilidade civil e criminal. Segundo fontes ligadas ao estúdio, a inserção global desse aviso cria uma camada adicional de proteção contra o uso indevido por empresas de tecnologia.
Base legal e direitos autorais ampliados na União Europeia
Em mercados europeus, esse aviso remete à legislação de 2019 da União Europeia, que permite que criadores excluam suas obras do uso em pesquisas científicas e tecnologias de IA, reservando explicitamente seus direitos. Grandes empresas de tecnologia, historicamente contrárias a esse tipo de regulação, passam a enfrentar limitações concretas para minerar dados e conteúdos protegidos por copyright.
O avanço da IA e a ameaça ao modelo tradicional de Hollywood
Com o aumento do uso de IA na indústria do entretenimento — desde otimização de efeitos visuais até a criação de conteúdos completos —, estudios como a Universal buscam evitar que suas propriedades intelectuais sejam usadas para alimentar algoritmos sem compensação. Plataformas emergentes, como a Showrunner da Fable Studios (com apoio da Amazon), já desenvolvem ferramentas capazes de gerar filmes inteiros a partir de prompts de texto ou imagens, criando um novo mercado de “conteúdo sob demanda por IA” e pressionando ainda mais os estúdios tradicionais.
Casos práticos: IA replicando personagens e cenas de filmes
Desde 2024, geradores de imagens como Midjourney causaram polêmica ao criar quadros visualmente idênticos a cenas populares de filmes. Exemplos incluem imagens do vilão Thanos de “Vingadores: Guerra Infinita” ou referências quase perfeitas a “Top Gun: Maverick” e animações como “Shrek” e “Ratatouille”. Tal capacidade de replicação provou que sistemas de IA podem ter sido treinados a partir de cópias não autorizadas dos filmes, impulsionando reações legais da Universal e de studios como Disney.

Processos e desafios no conceito de “fair use”
O futuro do processo movido pela Universal e Disney contra a Midjourney depende do debate em torno do “fair use” (uso justo), princípio que permite reutilização limitada de obras protegidas sem licença. Recentemente, escritores perderam ações similares contra Anthropic e Meta, indicando um cenário incerto para os estúdios. Há, porém, uma brecha: se os dados usados pelas IAs forem obtidos via pirataria — download ou duplicação ilegal —, pode haver condenações milionárias. A legislação americana prevê indenizações de até US$ 150.000 por obra violada em casos de infração deliberada.
Impactos e próximos passos para a indústria do entretenimento
No cenário atual, a Universal aposta em proatividade jurídica e tecnológica para proteger seu catálogo e receitas. Especialistas apontam que, além dos avisos, será necessário fiscalizar práticas de treinamento de IA e investir em soluções técnicas de proteção de dados audiovisuais. O desfecho das disputas judiciais vai definir se o modelo tradicional de licenciamento de conteúdo sobreviverá ou será remodelado radicalmente por ferramentas generativas de IA.
“Este filme está protegido pelas leis dos Estados Unidos e de outros países. A duplicação, distribuição ou exibição não autorizadas podem resultar em responsabilidade civil e processo criminal.”
Aviso legal da Universal Pictures inserido em 2025
- Universal amplia proteção legal contra uso de IA sem autorização.
- Estúdios pressionam por transparência no desenvolvimento de algoritmos generativos.
- “Fair use” é o ponto-chave na batalha judicial entre Hollywood e Big Tech.
- Indenizações podem ultrapassar US$ 150 mil por filme infringido em treinamento de IA.
Considerações finais
A movimentação da Universal Pictures abre precedentes importantes para todo o setor audiovisual, colocando o combate à pirataria de dados no centro da agenda da indústria. O desenrolar dos processos judiciais e a regulamentação do uso de IA determinarão os limites da criatividade, do uso comercial e da remuneração justa em Hollywood nos próximos anos.
Por que a Universal Pictures incluiu avisos contra IA em seus filmes?
Para proteger seus direitos autorais e impedir o uso não autorizado de seus filmes por sistemas de inteligência artificial no treinamento de algoritmos, especialmente sem compensação financeira. Essa medida visa desencorajar Big Tech e startups de IA de utilizar materiais protegidos, preservando receitas e a propriedade intelectual nos mercados globais. Especialistas avaliam que tal ação pode criar barreiras legais adicionais ao uso de conteúdo de Hollywood por IA.
Qual o risco financeiro para empresas que violarem esses avisos?
Empresas que utilizarem filmes da Universal sem autorização podem ser responsabilizadas por pirataria, com multas de até US$ 150.000 por obra em caso de infração deliberada, segundo a legislação americana. Os processos judiciais podem resultar em indenizações milionárias para a Universal e outros estúdios, criando um ambiente de maior risco para big techs que ignorarem os novos avisos legais. Advogados destacam a importância de registros e auditoria dos fluxos de dados de IA para evitar litígios.
A iniciativa da Universal pode influenciar outros estúdios?
Sim, a ação tende a motivar outros estúdios a adotarem avisos legais semelhantes em seus créditos, buscando maior controle e proteção frente ao avanço da inteligência artificial no setor. Esse movimento pode resultar em novas normas globais para uso de conteúdos na IA, redefinindo contratos e acordos para licenciamento audiovisual. Observadores do mercado apontam que essa tendência fortalecerá a união entre Hollywood e legisladores na luta por regulação do setor.
Fonte: Hollywood Reporter